A tolerância relativamente a adultos que queiram ser tratados como bem quiserem (seja por ele, por ela, por cavalo, ou por qualquer outra absurdidade que contrarie as mais elementares leis da biologia), não se pode confundir com a total intolerância que, como pais e formadores em geral, devemos ter relativamente a determinados comportamentos que as nossas crianças considerem ser para si adequados.

E não é preciso ser-se psicólogo clínico para podermos entender com meridiana clareza o lado onde está a razão. Por algum motivo, a idade para se votar, conduzir, fumar e ingerir bebidas alcoólicas se concretiza num momento em que se considera que a pessoa atingiu determinado grau de maturidade. De igual modo, consideramos que até determinada idade uma pessoa é inimputável criminalmente – precisamente por entendermos que não existe ainda consciência da ilicitude e do que configura uma adequada vivência em sociedade.

Ora, a proposta de Lei a ser brevemente discutida em sede parlamentar – e que pretende conceder às nossas crianças a autoridade de serem tratadas pelo género que escolherem –, vem precisamente desconsiderar o nível de maturidade e de consciencialização que é exigido para se tomarem determinados tipos de escolhas e decisões. E vem, também, perigosamente admitir que se contrarie a biologia humana num estágio em que a personalidade se encontra ainda em formação.

A verdade é que se os meus filhos (de 10 e 13 anos) quiserem ir nus para a escola ou não quiserem ingerir qualquer refeição, eu, enquanto pai, não o posso admitir, ainda que seja a escolha e vontade deles. Tenho, naturalmente, de ensinar que o normal e adequado é irem vestidos para a escola e tomarem as suas refeições. E isto vale para muitos outros exemplos, tais como bater nos outros meninos, chamar nomes aos professores ou faltar às aulas de história por considerarem que não tem utilidade nenhuma.

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Assim, o que devemos ensinar e incutir nas nossas crianças são padrões de normalidade e de vivência em sociedade à luz de padrões adequados à natureza e à biologia humana, ainda que ensinando, também, que há pessoas e escolhas diferentes que devemos respeitar. Quando adultos farão o que bem entenderem, desde que dentro das limitações legais e penais vigentes. Isto sim é formar e educar sem interferir no normal processo de crescimento de uma criança.

A proposta de Lei que se irá em breve discutir – e aprovar, atenta a maioria absoluta do governo PS – retira aos pais e professores o poder de ensinar o normal e natural e abre a porta a muitas outras discussões perigosas dentro da esfera escolar, tais como as crianças que se sentem violentadas psicologicamente por serem obrigadas a ir à escola, o direito de uma criança a ter uma relação amorosa com um professor, ou mesmo o direito a defender que o mundo não é redondo.

O normal não está aberto a discussão nem tolerância.