«Rui Rio quer “libertar o país da extrema-esquerda”. O antigo autarca do Porto formalizou, esta quinta-feira, a candidatura à presidência do PSD e traçou os objetivos políticos da mesma» (Observador, 28 de Dezembro de 2017).

Mais de quatro longos e penosos anos depois, o Dr. Rui Rio cumpriu: o PS ganhou as eleições legislativas com maioria absoluta, remeteu o PCP e o Bloco de Esquerda para o cantinho da irrelevância político-partidária e prepara-se para governar à vontadinha até final de 2026.

E o PSD? Bem, o PSD está num daqueles momentos em que o politicamente correcto manda dizer que «deve reflectir sobre o seu papel na sociedade portuguesa», «tem de fazer um vasto e intenso debate interno», «tem de se reencontrar com os portugueses», «deve perceber que o mundo mudou» e verdades absolutas deste género que tanto valem em dias de chuva como em dias de sol (não devem todos os partidos, e não só o PSD, reflectir, debater, reencontrar-se e perceber continuamente Portugal, os portugueses e o mundo?).

Nestes momentos políticos, é normal também aparecerem os tacticismos «avança, não avança», «espera para ver», «avança, mas não já» e que basicamente não produzem outro efeito que não o amolecimento do ânimo e da energia que ainda restam aos militantes do Partido e aos portugueses que continuam a acreditar que o PSD é um Partido com coragem, com nervo e com a capacidade de romper com o conformismo e o atavismo que atrasa Portugal.

Ora, enquanto alguns no PSD defendem que o Partido não deve ter pressa para mudar a sua liderança e, por isso, deve entrar no processo interno das ditas “reflexões” e “debates”, a verdade é que, entretanto, o Dr. Rui Rio anuncia que ficará até Julho e que, nessa qualidade de cadáver político auto-proclamado, se prepara e mostra disponível para negociar com o PS acordos de revisão constitucional e no domínio da regionalização. Eu, que não peço desculpa nem licença a ninguém para dizer o que penso, acrescento o seguinte: se isso acontecer, então é porque o PSD já não se respeita a si próprio nem à sua história e quem não se respeita a si próprio não pode pedir, e muito menos exigir, o respeito dos outros.

Dito isto, para mim o caminho só pode ser a saída imediata do Dr. Rui Rio e a realização a curto prazo de eleições para Presidente do PSD tendo como candidatos aqueles que acham que têm condições, capacidade e vontade para servir o Partido neste contexto de desnorte político e durante a longa travessia do deserto que os mandatos do ainda Presidente deixaram como legado ao PSD.

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