Muitas vezes que temos um elefante na sala, mas desta vez, ele parece estar em pleno Largo Carlos Amarante, no centro da cidade, mesmo ao lado de onde foram colocadas as letras que dão nome a este município.

O teatro S. Geraldo é tema na comunicação social há demasiado tempo. Uma infraestrutura como aquela, com o seu peso histórico, mais não fosse o primeiro cinema da cidade, foi já objeto de promessas, ilusões e desilusões para os bracarenses.

Para quem já vai a meio do último mandato, talvez não se recorde mas ainda durante o primeiro e já perto da procura da reeleição, Ricardo Rio prometia que o executivo camarário iria tomar conta do espaço, com uma renda paga à Arquidiocese de Braga, no valor de 12.500€ e que o espaço seria utilizado para fins culturais. Esta emergência, a dois meses das eleições de 2017 viria a dar novo rumo ao edifício depois de, no ano anterior, ter sido anunciado que o espaço seria uma unidade comercial. Este revés resulta da pressão, popular e política, feita para manter cariz cultural no espaço que, até então, Ricardo Rio dizia que “era quase impensável mantermos de forma sustentada aquele edifício apenas como valência cultural”.

Agora, o espaço seria a “pedra angular” da candidatura de cidade criativa da UNESCO e Capital Europeia da Cultura. Volvidos vários anos, nomeadamente um mandato completo e já metade do atual, o Media Arts Center ainda não conheceu a luz do dia e da promessa de 2017 apenas resta a renda que, desde então, está a ser paga.

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A cidade e os bracarenses estão a perder muito mais do que apenas dinheiro. Está um edifício, há vários anos, inutilizado no centro da cidade, em que a Câmara, na época para salvaguardar componente cultural, tomou conta do espaço mas cultura é coisa que não acontece ali. Já foram pagos mais de 765.000€, superando já o valor que toda a oposição da Assembleia Municipal sugeriu a compra do edifício baseada na avaliação de perito das finanças, em 2016, na ordem dos 712.000€.

A cidade de Braga está em constante crescimento e é exigido, a todas as instituições e organizações públicas que se adaptem e dinamizem a cidade em função desse crescimento, que com a Universidade do Minho e também com o Sporting Clube de Braga se desenvolvam projetos vários para os interesses comuns, mas essencialmente que se oiça a cidade e quem nela vive. São várias as notícias recentes que dão nota de enchentes, nomeadamente de jovens, aos espaços culturais que conhecem, no atual Governo, medidas de aproximação aos cidadãos e gratuitidade nas visitas em vários períodos.

O desleixo que se tem verificado com o Teatro S. Geraldo é absolutamente lamentável e, na minha opinião, só empobrece Braga e os bracarenses.