No artigo anterior, discutimos sobre o crescente poder económico dos mercados emergentes e o seu potencial de impacto no cenário global. Agora, uma nova pesquisa divulgada pelo Goldman Sachs trouxe projeções interessantes sobre as principais economias do mundo até 2075. De acordo com o estudo, a composição das maiores economias do mundo passará por transformações significativas e países como Brasil, México, Indonésia, Nigéria, Turquia, Arábia Saudita, Egito, China e Índia vão assumir posições de verdadeiro destaque até 2075.

Atualmente, cinco (China, Índia, Brasil, México e Rússia) das 15 maiores economias do mundo estão localizadas em mercados emergentes. No entanto, de acordo com estas projeções, até 2050 este número aumentará para 9 e, até 2075, chegará a 10. Esta mudança revela claramente a ascensão dos mercados emergentes e o papel cada vez mais importante que desempenham na economia global.

Além disso, estima-se que, até 2075, cerca de 85% da população mundial estará concentrada em países emergentes. Isto reflete a ascensão dessas nações não só como motores de crescimento económico, mas também demográfico. O notável crescimento económico aliado ao crescimento populacional está a transformar estes países em centros de investimento promissores.

Um dos maiores impulsionadores do crescimento e progresso económico é a tecnologia. À medida que os mercados emergentes se tornam líderes económicos, é inevitável que a inovação tecnológica desempenhe um papel fundamental no seu desenvolvimento. Estas economias estão a adaptar-se rapidamente às mudanças tecnológicas e a aproveitar os avanços para desenvolver setores-chave, como fintech, inteligência artificial, energia renovável e muito mais. O investimento em tecnologia é fundamental para impulsionar o crescimento sustentável e a competitividade desses mercados.

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É surpreendente constatar que, apesar dos mercados emergentes serem claramente o futuro, apenas uma pequena fração do capital de risco global lhes seja direcionada. Esta discrepância oferece uma oportunidade óbvia para investidores e empreendedores atentos a esta lacuna. Ao canalizar mais capital de risco para esses mercados em ascensão, podemos impulsionar ainda mais o seu desenvolvimento económico, criar empregos, promover a inovação e colher os benefícios a longo prazo.

Concluindo, as projeções do Goldman Sachs confirmam que o crescimento destes mercados está a transformá-los nas principais economias do futuro, e estudos realizados por instituições como PwC, McKinsey Global Institute e Banco Mundial também apontam na mesma direção. Reconhecer a importância estratégica e investir nestes mercados irá contribuir para a construção de um futuro próspero e inclusivo para todas as nações.

Konstantin Hapkemeyer é italiano e vive em Portugal desde 2018. É um dos primeiros colaboradores do fundo de investimento Seedstars International Ventures, sediado na Suíça, centrado exclusivamente em empresas em fase inicial em mercados emergentes. Durante os últimos 4 anos, investiu e apoiou mais de 60 empresas em 35 países. Desde 2021, lidera as atividades do fundo em África. Antes de Seedstars, Konstantin trabalhou em Londres na AlphaSights, uma das empresas de crescimento mais rápido do mundo. Durante a universidade, Konstantin lançou a sua startup junto com dois co-fundadores.

O Observador associa-se ao Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial, para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa.  O artigo representa a opinião pessoal do autor, enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.