Ao olhar para esta imagem — que mostra a temperatura média histórica da superfície dos oceanos ao longo do ano — e os valores de 2024 no canto superior esquerdo… e ao ler os comentários sobre a mesma na internet, condenando o uso de jatos privados na COP27, entre outras pérolas desprovidas de uma visão holística do problema, apercebo-me que provavelmente vamos perder esta luta contra as emissões de carbono por um motivo tão ridículo como… falta de FOCO.

Quando analisamos o desvio padrão das médias anuais e, mais uma vez, olhamos para os valores de 2023 e 2024, é preciso uma dose de teimosia épica para não ver o que é abundantemente óbvio para qualquer ente pensante e convenhamos que, durante a análise destas linhas, até um Bonobo com Alzheimer consegue entender quão horrivelmente catastrófico é o cenário.

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E como poderia ser de outra forma, tendo em conta que andamos a mover carbono do solo para o céu há 150 anos, 24/7, sem parar?

Já o disse tantas vezes (refªs no final) e volto a repetir:

  1. Meia dúzia de milhões de barcos de pesca rebentaram com aproximadamente 80% dos principais stocks de peixes comercialmente explorados nos oceanos e nenhuma mente lúcida se atreve a negar um facto tão perniciosamente evidente.
  2. A atmosfera à volta do nosso pequeno planeta tem uma espessura equivalente à de uma camada de película aderente em redor de uma bola de basquetebol.

Então como é que se espera que 1.5 mil milhões de motores de combustão de carros, camiões, autocarros, fábricas, navios e aviões a lançarem carbono (que esteve armazenado no solo durante milhões de anos) e a lançá-lo na atmosfera (finíssima), não tenham impacto à escala planetária??

É absolutamente de loucos não entender essa lógica tão absurdamente simples, principalmente quando se observa o primeiro gráfico, que consegue ser (muito!) mais horripilante do que o famoso gráfico “em forma de taco de hóquei”. Este revela valores de dióxido de carbono na atmosfera vastamente acima do intervalo em que se mantiveram durante centenas de milhares de anos, até à aurora da Revolução Industrial.

Estamos a condenar os nossos filhos (como o meu Nikola de 4 anos) a serem os dinossauros da sua geração, mas, desta vez, o asteroide que os vai aniquilar não vem do espaço: fomos nós que o criámos e deixámo-lo crescer à conta de não nos FOCARMOS no ponto essencial: as emissões de carbono têm de diminuir drasticamente, ou está tudo… prejudicado.

Outras referências sobre o tema:
https://www.publico.pt/2021/08/28/ciencia/opiniao/ra-panela-1975442
https://www.publico.pt/2022/08/02/azul/opiniao/ra-panela-ja-ferver-2015781
https://observador.pt/opiniao/afinal-somos-impactantes/