O extremismo, nas suas várias manifestações, representa desafios significativos em diversos âmbitos da sociedade. Estes fenómenos podem ser observados desde a política ao ensino superior, passando por modelos sociais e económicos, à política de habitação ou mesmo expandindo-se à forma como se abordam questões de saúde e de justiça. Em cada um destes contextos, o radicalismo convida à polarização, limitando o debate saudável e a troca de ideias, e certamente leva ao enfraquecimento das bases democráticas e ao agravamento de tensões sociais.

Na política, o radicalismo manifesta-se muitas vezes através de partidos e movimentos que rejeitam o compromisso e valorizam a confrontação.  E estão à esquerda como à direita. Isso pode levar a impasses legislativos, onde as políticas necessárias para o avanço e bem-estar da sociedade são apenas obstruídas em nome dos interesses de ninguém. A polarização extrema pode resultar na erosão de normas democráticas, uma vez que os atores políticos estão mais dispostos a sobrepor os seus interesses ideológicos – ou melhor, as suas agendas – aos do funcionamento democrático e do respeito pelas instituições.

Na opinião pública, o extremismo pode ser exacerbado pela disseminação da desinformação e pelo eco das redes sociais, onde grupos de indivíduos frequentemente recebem informações que reforçam as suas visões preexistentes, sem exposição a sem perspetivas contrárias. Isso não apenas polariza ainda mais a sociedade, mas também dificulta o consenso sobre questões críticas como mudança climática, saúde pública ou direitos humanos.

No ambiente académico, especialmente no ensino superior, o radicalismo pode ameaçar a liberdade académica e a diversidade de pensamento. Quando as universidades se tornam palcos de confrontos ideológicos extremos, isso pode comprometer o seu papel como centros de debate aberto e investigação científica. A pressão para a conformidade ideológica pode desencorajar a pesquisa e o ensino em temas considerados controversos.

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Em relação aos modelos económicos e sociais, o extremismo pode conduzir à adoção de políticas inflexíveis que não consideram adequadamente a complexidade das economias modernas e a diversidade das necessidades sociais. Por exemplo, políticas económicas extremistas podem levar a medidas austeras que exacerbam desigualdades ou, inversamente, à experimentação populista que compromete a estabilidade económica.

Na saúde e na justiça, o radicalismo pode resultar em políticas que ignoram evidências científicas ou que promovem práticas discriminatórias. Isso pode ser visto em debates acalorados sobre vacinas ou tratamentos médicos, onde extremismos prevalecem sobre a ciência. Na justiça, o extremismo pode levar a uma aplicação desigual da lei, prejudicando principalmente grupos vulneráveis e minando a confiança nas instituições judiciais.

Vem tudo isto a propósito da conclusão pelo absurdo. Está mais que provado e há evidência mais que suficiente que quanto mais se regular o mercado da habitação (opção radical sem quaisquer resultados) mais problemas irão emergir dele. No El Economista desta semana aparecem na capa os primeiros resultados da monitorização de rendas na Catalunha, consequência de um pensamento absolutamente distorcido e radicalizado sobre a forma como funcionam os princípios da oferta e procura na habitação: a oferta de habitação cai 14% e o preço sobe 4,6% só em Barcelona. Em Girona, por exemplo, o número de alugueres disponíveis cai 21%. Quer-se mais extremismo do que não perceber os fundamentais do mercado e da microeconomia? Não é preciso grande ciência. Mas é mesmo fundamental entender o básico da economia.