No cenário dinâmico e cada vez mais acelerado do mundo tecnológico atual, a construção de uma carreira transcende a mera aquisição de competências técnicas. É imprescindível possuir também sensibilidade e perspicácia para desenvolver as competências sociais, culturais e interpessoais que definem este setor.

O desenvolvimento destas competências, sobretudo para mulheres em estágios intermédios das suas carreiras, vai muito além de conhecer as últimas tendências tecnológicas. Trata-se de uma verdadeira imersão e integração na dinâmica evolutiva da tecnologia. À medida que expandimos as nossas capacidades na criação e utilização de produtos e soluções digitais, aprendemos a colaborar de formas inovadoras e posicionamo-nos como líderes na construção do futuro tecnológico.

Podemos apoiar-nos não apenas na nossa formação académica, mas também no valor da nossa experiência de vida. Embora as tecnologias mudem, há fundamentos que permanecem inabaláveis: a boa comunicação, a capacidade de construir relações interpessoais, a resolução criativa de problemas e a capacidade de manter a calma em ambientes de alta pressão. Seja através da experiência profissional ou pessoal, as mulheres demonstram, frequentemente, grandes capacidades neste tipo de competências, chamadas de soft ou até de human skills.

Então, como podemos utilizar esta mais-valia para fortalecer o nosso percurso profissional e crescer como mulheres no ramo tecnológico?

Primeiro, identifique o seu leque de competências: as competências vão muito além dos certificados. Avalie as áreas em que é efetivamente boa, aplicadas ao seu dia a dia tanto profissional como pessoal, e entenda como elas contribuem para os seus objetivos. Atualmente, existem várias ferramentas disponíveis online, e algumas organizações oferecem este serviço de identificação, avaliação e desenvolvimento de competências.
Analise os seus pontos fortes no trabalho: identifique as atividades que lhe proporcionam maior satisfação. Reflita sobre como potencializar isso no seu papel atual ou numa possível transição de carreira. Concentre-se nos resultados: é fácil perder-se na espuma dos dias, por isso é que o crescimento profissional depende, muitas vezes, de ir mais além da execução. Fique atenta ao impacto do seu trabalho e use isso para destacar o seu valor, a nível individual e organizacional. Visualize os seus objetivos de carreira e veja como pode alcançá-los.
Aposte nas micro-certificações: os programas de formação formais são valiosos, mas conciliar o tempo e o foco necessários para participar neles pode ser desafiador perante múltiplas prioridades (família, projetos profissionais, atividades nos tempos livres, etc). Considere a aprendizagem por etapas ou por tópicos específicos. E aproveite para desenvolver competências e experiências interpessoais no trabalho – diversas instituições da União Europeia possuem programas que reconhecem essas competências através de micro-certificações e carteiras digitais de competências.
Invista na formação personalizada e contínua: Com inúmeras opções online disponíveis, e ajustadas a vários ritmos e processos de aprendizagem, a formação pode ser adaptada a diferentes estilos de vida, sendo uma opção mais flexível (além de mais barata, muitas das vezes) quando comparada com as aulas presenciais.
Aproveite a mentoria para dar e receber: Os benefícios da mentoria para mulheres em início de carreira são amplamente reconhecidos, mas assumir o papel de mentora também pode ser extremamente positivo. Trata-se de uma oportunidade para avaliar a sua trajetória, valorizar a jornada realizada até o momento e refletir sobre as competências adquiridas (e/ou as que precisam de ser melhoradas) para prosseguir a jornada de desenvolvimento.
E claro que redes como a Portuguese Women in Tech são fundamentais para estabelecer conexões profissionais e pessoais que podem auxiliar neste percurso.

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Procurar novas formas de aplicar os nossos conhecimentos e enriquecer a interseção de diferentes campos do saber e do fazer não apenas enriquece o setor tecnológico, como lança as bases para um ecossistema mais integrado e inclusivo – onde homens e mulheres podem participar e prosperar. E aprender novas competências ou aproveitar as que já possuímos de maneiras inovadoras, não apenas impacta o nosso crescimento individual, como impulsiona a própria carreira, e ajuda a criar um futuro tecnológico mais vibrante e acessível para todas.

Isto porque, se pensarmos bem, o nosso desenvolvimento pessoal e profissional é uma peça fundamental na construção de um legado que beneficia toda a sociedade à nossa volta.

Observador associa-se à comunidade PortugueseWomeninTech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.