Muitas vezes, nós (jovens estudantes) ouvimos figuras de referência do nosso país a falar sobre o nosso sistema de ensino, muitos, até têm a audácia de elogiá-lo. Sim, elogiar um sistema com imensas falhas. Outras até dizem que precisa de certas melhorias, porém, raramente vemos alguém afirmar que o ensino precisa de uma verdadeira reforma, por isso, estou aqui eu, um jovem, acabado de sair do ensino secundário, para dizê-lo.

Como estudante, sei que este sistema está caduco, tem um currículo demasiado extenso e, em várias componentes, ultrapassado. Para além disso, não somos incentivados a ter pensamento próprio no espaço escolar, nem tão pouco a questionar. Sem este incentivo não teremos jovens preparados para questionar o funcionamento da estrutura governativa do nosso país, pondo, assim, a democracia liberal em risco, potenciando, indiretamente, o crescimento de movimentos extremistas, que beneficiam desta “aliteracia”.

Posto isto, vemos que a escola tem de começar a ser um dos principais meios na formação de um cidadão. Começando por ser um espaço de debate e confronto de ideias, onde todas as perspetivas são aceites e desconstruídas. Onde os estudantes deixem de receber o peixe e comecem a aprender a pescar.

Outra reforma necessária prende-se com a forma de lecionar e todo o formalismo que lhe é inerente, desde a sala de aula até ao papel do professor. Temos de romper com esta uniformização do sistema, sendo o ensino não formal uma forma clara de fazê-lo. Não seguindo os padrões normais, este desconstrói por completo o papel atual do professor, faz desaparecer o currículo fixo e definido a priori e atira os alunos para a interação com situações práticas, desenvolvendo assim soft skills. No que esta metodologia difere de todas as outras é n facto dos estudantes se tornarem, na maior parte das vezes, responsáveis pela construção e passagem do conhecimento.

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No nosso sistema atual, o único meio que existe para introduzir este método nas escolas são as associações de estudantes e raramente o fazem de uma forma direta. Estas fazem com que os estudantes adquiram direitos e deveres, criando, assim ,um sentido de democracia dentro das escolas, educando informalmente para a participação cívica. Simultaneamente, incutem nos dirigentes associativos o espírito de liderança, a necessidade de gerir projetos e também a responsabilidade de bem representar o seu eleitorado. Ganhando, deste modo, extrema importância no sistema atual.

Já quanto ao ensino superior, é necessária uma reestruturação dos processos de acesso, separando o fim do secundário do concurso de acesso ao ensino superior. Criando, assim, a necessidade de liberalizar e dar às universidades o poder de escolherem os critérios de aceitação dos estudantes, acabando, deste modo, com a bipolarização de critérios, pois nem todas as universidades têm o mesmo tipo de estudantes, por mais que coincidam nos cursos.

Estas são três mudanças chave para uma reforma que colocaria de novo o estudante na base do sistema. Pois, a realidade é que “velhas rotas não traçam novos caminhos” e é necessário criar rotas novas.