No passado dia 20 de fevereiro celebrou-se, pelo 15º ano consecutivo, o Dia Mundial da Justiça Social. Desde 2008 que a Assembleia Geral das Nações Unidas assinala a data para reconhecer a Justiça Social como “indispensável para atingir e manter a paz e segurança” dentro e entre países.

Pilar essencial de organizações nas suas mais variadas tipologias, de países e sociedades, e até de indivíduos, mas, no seio dos valores universais que constroem a noção de Justiça Social, onde fica o espaço para refletirmos na forma como esta é colocada em prática?

Onde está a Justiça Social quando são noticiados crescimentos históricos na economia, mas, ao contrário do que seria de esperar, a pobreza também aumenta?

Onde está a Justiça Social quando, internamente, um país garante aos seus trabalhadores direitos que diz serem inalienáveis e condições dignas de trabalho, mas que continua a manter trocas comerciais com países que perpetuam sistemas de exploração laboral?

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Onde está a Justiça Social quando, em 2023, há pessoas que, devido à sua etnia, género ou orientação política, não têm a acesso a igualdade de oportunidades?

Quando não questionamos a aplicação de princípios que consideramos indiscutíveis na sociedade em que vivemos, estes tendem a cair no esquecimento. Quando a sua aceitação é irrefletida, corremos o perigo de perpetuar as desigualdades do sistema e normalizar as suas injustiças.

É, por isso, urgente termos uma perspetiva crítica sobre a realidade local e global. Na sequência deste imperativo, é lançado o estudo A Urgência de Ler o Mundo: Justiça Social, que nos confronta com os princípios de cidadania global.

O objetivo é contribuir para uma sociedade mais bem preparada, mais esclarecida e envolvida, para promover a Justiça Social e o Desenvolvimento Sustentável, quer em Portugal, quer no mundo. Numa sociedade cada vez mais global, a Justiça Social só é alcançável quando trabalhada em conjunto, quando é colocada no centro das preocupações.

Precisamos de cidadãos e cidadãs que sejam capazes de ir para lá dos seus enviesamentos cognitivos, que pensem de forma crítica e informada e que sejam verdadeiros agentes ativos de mudança.

Tudo isto contribui para um mesmo fim: reduzir as desigualdades, erradicar a pobreza e acabar com a discriminação.

Cientes de que a ausência de Justiça Social, seja em que contexto for, constitui um desrespeito pelos direitos humanos, aproveitemos o assinalar do Dia Mundial da Justiça Social, para renovar o nosso compromisso individual e coletivo na promoção de causas, ações e/ou projetos que a fortaleçam, reconhecendo que, apesar alguns progressos, ainda há muito por fazer.