De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de pobreza da população portuguesa, no ano de 2021, foi de 16,4%, recuando dois pontos percentuais relativos a 2020 e “quase” anulando os efeitos da crise pandémica. Há, ainda assim, mais de 1,6 milhões de pessoas nessa situação.

A pandemia da COVID-19, como sabemos, veio inverter a tendência de descida dos níveis de pobreza e desigualdade, em Portugal e no mundo. A taxa relativa ao risco de pobreza ou exclusão social no nosso país, que vinha a cair, subiu de forma expressiva em 2020, o ano em que se sentiram as consequências da pandemia. Um ano depois, apesar dos indicadores serem mais positivos, sem as transferências sociais, ou seja, sem os apoios diretos do estado à população, o risco de pobreza seria de 21,5%, mais de um quinto da população.

Em 2022, o aumento de preços decorrente da recuperação económica pós-pandemia somou-se à guerra na Ucrânia. A inflação disparou para níveis históricos, afetando com maior incidência as pessoas em situação de pobreza.

No mundo, vários fatores – como as alterações climáticas ou os conflitos – conjugam-se com as condições socioeconómicas para manter em situação de pobreza extrema milhões de pessoas. Apesar de todas as dificuldades, este indicador vinha a descer. “Durante três décadas, o número de pessoas que vivem com extrema pobreza (…) estava a diminuir” reportou, no mês passado, o Banco Mundial. Uma “tendência que foi interrompida em 2020, quando a pobreza aumentou devido às perturbações causadas pela crise da COVID-19”.

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O aumento dos preços dos alimentos e da energia “dificultou uma recuperação rápida” e, em terrível consequência, estima aquela instituição, no final de 2022 cerca de 685 milhões de pessoas viviam numa situação de pobreza extrema, tornando cada vez mais longínquo o desígnio global de acabar com este flagelo até 2030.

Os desafios são, por isso, enormes. Individualmente, é impossível resolver o drama da pobreza e da exclusão social. É aos governos e às instituições internacionais que cabe criar as condições para diminuir as condições desumanas em que vivem milhões de pessoas espalhadas pelo globo.

Contudo, cada um de nós pode dar o seu contributo para tirar um grão que seja desta engrenagem impiedosa e injusta. Em Portugal, as instituições que prestam apoio alimentar estão cada vez mais pressionadas pelas consequências da inflação na vida dos que têm menos recursos económicos.

A nível internacional, não faltam organizações credíveis que buscam apoios para ajudar quem mais precisa. O nosso contributo pode ser financeiro, pode revestir a forma de bens ou mesmo a oferta do nosso tempo e pensamento.

Indiferentes é que não podemos ficar. Nunca.