A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) constitui uma patologia comum, complexa e heterogénea, com morbilidade, mortalidade e custos muito elevados para o sistema de saúde. Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, é a quarta principal causa de morte em todo o mundo, perspetivando-se que, muito em breve, se torne na terceira causa global de morte.

No atual contexto de pandemia, os resultados de alguns estudos parecem demonstrar que a DPOC está associada a um risco significativo, mais de cinco vezes superior, de infeção grave pelo novo coronavírus. As pessoas com histórico da doença devem ser incentivadas a adotar medidas mais restritivas para minimizar a exposição potencial ao SARS-CoV-2 e evitar entrar em contacto com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Os médicos também devem monitorizar cuidadosamente todos os pacientes que a têm com suspeita de infeção e considerá-la uma doença de risco em contexto de pandemia.

A DPOC é uma doença geralmente progressiva, caracterizada pelo desenvolvimento de uma limitação persistente à passagem do ar pelas vias respiratórias. Surge, habitualmente, como uma resposta inflamatória crónica das vias aéreas e dos pulmões, em resposta a estímulos ambientais nocivos, sendo, contudo, uma doença maioritariamente provocada pelo fumo de tabaco. Nesta medida, a prevenção fundamenta-se essencialmente nas estratégias de redução e cessação tabágica.

Os sintomas não são específicos, mas, habitualmente, os doentes desenvolvem progressivamente episódios de falta de ar, tosse e expetoração que, com a passagem do tempo, se podem tornar persistentes.

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Até ao momento, não existe uma cura. No entanto, é possível prevenir e tratar eficazmente esta doença, reduzindo e aliviando o impacto de sintomas como tosse crónica, produção crónica de expetoração e falta de ar. Como o tabagismo é a principal causa de DPOC, deixar de fumar deve ser a primeira prioridade na luta contra esta doença. O diagnóstico precoce é fundamental e, nessa medida, a realização de um exame à função respiratória designado “espirometria” é recomendável.

São comuns os episódios de agravamento da doença, durante as quais é necessário ajustar a medicação. Estas situações são chamadas de exacerbações e podem ser reduzidas com tratamento adequado. Cerca de 50% a 70% destes episódios são espoletados por infeções virais ou bacterianas que estimulam uma resposta inflamatória. Muitos destes agentes infecciosos apresentam também uma variação sazonal nas suas taxas de infeção. Certos vírus e bactérias apresentam picos de incidência nos meses do inverno.

Dependendo da gravidade da doença de base, as exacerbações podem ser tratadas em ambulatório ou necessitarem de internamento hospitalar, sendo que 80% delas são tratadas em ambulatório, usando terapêuticas farmacológicas.

Recomenda-se a todos os indivíduos fumadores com mais de 40 anos de idade, a realização periódica da espirometria, devendo, no caso de aquele exame detetar alterações ou se, em alguma ocasião, desenvolverem sintomas, procurar o seu médico pneumologista.

No atual momento de pandemia, não deve ser adiada a procura de orientação clínica. As unidades de saúde seguem protocolos e circuitos para garantir a segurança dos doentes e profissionais de saúde, pelo que os pacientes não devem deixar para mais tarde e por receio, a deslocação aos hospitais.