Num país onde o destino de muitos jovens arquitetos parece ser fazer as malas rumo ao estrangeiro, questionamo-nos sobre o que estamos a perder e a desvalorizar. E se o nosso valor estiver em criar raízes por cá? As empresas precisam de repensar o panorama atual. No caso da arquitetura, é urgente transformar os pequenos ateliers num espaço de oportunidades, onde a evolução, o rigor e a criatividade sejam a nossa moeda forte. O tamanho não define o potencial.  Hoje em dia não basta oferecer um salário, é necessário procurar criar ambientes que inspirem, e condições laborais que retenham esses talentos.

Enquanto atelier de arquitetura, sediado em Lisboa, no atelier Pedro Carrilho Arquitectos reconhecemos a importância crucial dos jovens arquitetos para o desenvolvimento e inovação do setor em Portugal. Tal como em outras áreas, combater a emigração dos jovens recém-licenciados e arquitetos é um desafio que exige a nossa atenção imediata, direcionando esforços para mantê-los e aproveitar o seu potencial aqui, no nosso país.

A energia revigorante, as novas ideias e a mentalidade inovadora trazidas pelos jovens arquitetos são, para nós, fundamentais e acreditamos que são vitais para impulsionar o setor. Esta nova geração é motivada pelas mais recentes tecnologias, nomeadamente as ferramentas BIM (Building Information Modeling) e as plataformas de inteligência artificial, encontrando-se também muito mais alerta para as questões da sustentabilidade. Esta contínua proatividade em aprimorar os seus conhecimentos e currículos, aliada ao know-how dos colaboradores mais experientes, resultam numa forte contribuição para a dinâmica dos ateliers; dois ingredientes fundamentais para a excelência da arquitetura portuguesa. Pelo que, é essencial educar, informar e valorizar os estudantes e futuros arquitetos, fornecendo orientação sobre direitos, responsabilidades e as diversas oportunidades dentro da área. A colaboração entre ateliers e universidades pode também ser um alicerce vital nesse processo, fomentando uma troca de conhecimentos e experiências enriquecedoras mútuas.

Para reter esses talentos, é crucial que redefinamos o paradigma da profissão. As empresas e ateliers têm a oportunidade de estimular a prática da arquitetura que, há anos, enfrenta uma falta de reconhecimento a nível nacional, ainda que exista um vasto potencial latente. Contamos com talentos arquitetónicos de destaque em território nacional, obras icónicas e arquitetos reconhecidos internacionalmente, além de novos talentos emergentes que prometem contribuir significativamente a nível nacional e internacional. Para tal, é necessário que sejam implementadas medidas que regulem e valorizem a prática da profissão, para além da centralização e atualização de leis e normas que se encontram desadequadas às necessidades atuais do setor. Essas ações podem impulsionar a inovação e promover o crescimento sustentável da arquitetura no país. 

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Enquanto jovem arquiteta portuguesa, noto uma espécie de “Diáspora Arquitetónica” entre os colegas da minha geração, como se o passaporte viesse junto com o diploma. Mas percebo, regra geral a oferta cá não abona a nosso favor. Refiro-me a jovens colegas arquitetos, porém, esta realidade é extensível a outras tantas áreas, mas será que precisamos realmente de atravessar fronteiras para construir pontes?

Felizmente encontro-me num atelier que prioriza o cultivo de um ambiente criativo e inovador, incentivando a formação contínua e promovendo a liberdade criativa, provando que a verdadeira arquitetura não conhece fronteiras. Compreender que a mudança de paradigma tem origem em nós mesmos, é o ponto de partida. Valorizar o nosso trabalho e rejeitar condições que não estejam à altura do nosso mérito é o caminho para o reconhecimento. Essa postura deve ser não apenas individual, mas também um esforço coletivo a ser promovido dentro das organizações. Afinal, quem não gostaria de construir pontes sem atravessar oceanos, erguer pilares de sucesso e desenhar o futuro com os pés bem assentes na terra, em Portugal?

Esta é a nossa visão e compromisso: valorizar, educar e investir nos jovens arquitetos, construindo não apenas o futuro da arquitetura em Portugal, mas consolidando uma posição de destaque no panorama internacional. É tempo de os ateliers portugueses serem tão atrativos quanto as vistas sobre o Tejo.