Há uns dias tropecei num daqueles cartões de visita que já não se usam. Rezava assim: “Miúda de mau-humor que estraga jantares de família com propaganda comunista do estilo ‘sabias que?’” Achei graça. Afinal quantos dirigentes do Bloco de Esquerda ainda se assumem como comunistas? Poucos, quase nenhuns: a verdadeira natureza do partido da Catarina, das manas Mortágua e da Marisa é o segredo mais bem disfarçado da política portuguesa. Convém que os eleitores não saibam bem em quem estão a votar.

Mas coitada da Mafalda Escada. A jovem bloquista – a “miúda”, como se apresenta – tem sangue na guelra e não resistiu a dizer ao que vinha na sua conta do Twitter. Aliás até acrescentou um detalhe delicioso: “Para não fugir ao estereótipo, estudo na FCSH”. Para quem não souber, a FCSH é a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sita na Avenida de Berna, e por isso mesmo também conhecida na gíria por “Comuna de Berna”, na verdade a mesma faculdade onde em Reunião Geral de Alunos se aprovou a exigência de proibição de uma conferência sobre populismo de Jaime Nogueira Pinto, criando um clima de intimidação que levaria mesmo a direcção da faculdade a cancelar o evento. Está certo, bate bem com o “estereótipo”.

Perguntarão: mas quem é Mafalda Escada para lhe estar a dar tanta atenção? Uma das responsáveis pela organização do acampamento de verão do Bloco, sempre um acontecimento, que este ano foi mais contido nas temáticas – já não teve workshops sobre “desconstrução da masculinidade tóxica” ou debates sobre “a propriedade é o roubo: socialização dos meios de produção”, como o ano passado, ficando-se por temas mais comedidos como “Classe contra classe, até à vitória final”, “Nem NATO nem generais” ou “pinkwashing” –, mas que mesmo assim é sempre uma boa montra para entender a verdadeira natureza da nossa esquerda radical.

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