Nos próximos dias 25 e 26 de janeiro, no Centro de Congressos de Aveiro, o CDS decidirá o seu futuro. Está dado o mote para uma viragem que, dada a atual conjuntura, se mostra premente. Posso afirmar que este será (dos últimos 25 anos) o Congresso mais importante para o futuro do partido. Está em “cima da mesa” a sobrevivência do CDS enquanto partido basilar da democracia portuguesa e crucial na construção da nossa história coletiva.

Pelo âmago decisivo em que este Congresso está envolto, os delegados eleitos têm uma responsabilidade acrescida nas escolhas que terão que fazer, em especial com a eleição do novo dirigente do partido.

Sem pretensão de tecer comentários sobre todos os candidatos, faço-o apenas em relação ao candidato que apoio e que protagoniza a moção Juntos pelo Futuro – Compromisso com as Pessoas. Refiro-me a Filipe Lobo d’Ávila que, desde 2016, se mostrou a personagem principal da mesma moção, assumindo divergências ideológicas com a candidata à presidência do partido – Assunção Cristas – e toda a sua direção. Corria o ano de 2018 quando, no Congresso em Lamego, Filipe Lobo d’Avila retomou uma candidatura vincada nos valores defendidos em 2016.

Filipe Lobo d’Ávila deu voz aos que discordavam da orientação política, do modo de comunicar com os militantes, do método de escolha dos candidatos a deputados e de um tipo de mensagem que procurava agradar a todos mas que, como se confirmou nas últimas legislativas, acabou por não convencer os portugueses.

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Foi adotada uma estratégia que não se verificou a mais correta nem respeitadora da vontade dos militantes e/ou eleitores, vendo-se reduzido a uma espécie de “táxi sem condutor” transportando 5 deputados eleitos. No pós legislativas e dado os resultados, concluímos que a democracia no CDS se defronta com sérios défices de representação, podendo estar em causa a sua sustentabilidade.

A responsabilidade do “desastre” não é de uma só figura. Todos os que apoiaram esta estratégia e votaram (sucessivamente) nos vários órgãos do partido, apesar de não lhes convir, devem assumir essa responsabilidade e o fardo da pesada derrota. Todavia, ao invés de assumirem uma postura responsável e séria, optam pela “máscara” das opções, da estratégia e da mensagem política já há muito “estragada”.

O futuro que queremos trilhar afirma-se na identidade de sempre do CDS, assumindo como ponto de partida o resultado que ambicionamos: conseguir que o CDS se reinvente, conseguir crescer e conseguir  atrair excelentes quadros para as suas fileiras. O CDS estagnou na fase do “fingir que tudo está bem”. Esta ideia bélica nem sempre surte o efeito desejado, nem mesmo para os mais otimistas, como agora se começa a perceber. É preciso dar lugar a uma mudança de mentalidades, de políticas internas e externas. O CDS tem que se debater pelo ideário de um partido como foi em tempos. Grosso modo, um CDS voltado para a recuperação da confiança dos militantes, simpatizantes e eleitores.

Urgem novos protagonistas num partido que tem muito futuro. Um rosto novo para a sua presidência. Uma personagem desvinculada deste passado (recente) do partido e que traga uma nova esperança, uma nova mensagem, um maior respeito pelos militantes e pelas estruturas locais. Uma figura que ponha fim a um partido centralista e que tudo decide no Largo do Caldas. Ou seja, um rosto que liberte um partido capturado por interesses pessoais, onde impera a proteção dos amigos e não o superior interesse do partido e do País.

Não tenho dúvidas na escolha do Filipe para Presidente do Partido. Privei com ele no Parlamento e acompanho-o como subscritor da moção Juntos pelo Futuro desde 2016. Conheço as suas capacidades políticas e pessoais, a sua autenticidade a fazer política, o seu caráter e a sua conduta. Destaco o seu desapego aos lugares políticos, como provou há dois anos com a renúncia ao lugar que ocupava enquanto deputado, demonstrando desprendimento e dignidade. Fê-lo por divergências políticas/ideológicas e porque não se quis manter onde não era ouvido nem respeitado. Enquanto muitos, mesmo discordando, se escondiam no silêncio das bancadas, o Filipe saía e mostrava a sua desarmonia sem receios.

É com base neste intento que apelo aos congressistas para que encetem uma reflexão profunda, sem pressões, sem influências. Que analisem e sejam conhecedores do percurso de todos os candidatos, que valorizem o percurso pessoal e profissional dentro e fora do partido, mas, acima de tudo, atentem à autenticidade, moderação e orientação para o futuro do CDS.

Uma escolha é sempre decisiva. Todos sabemos que a escolha no Congresso que se aproxima será determinante para o futuro do nosso CDS. Escolham em consciência. Elejam, não por amizades ou por sindicatos de voto, mas sim com o conhecimento do que é melhor para o CDS e não para alguém ou para alguns. A responsabilidade é acrescida. Não a deixem para outros. Assumi a minha opção no passado e manterei a mesma orientação para o futuro. Por isso escolho o Filipe Lobo d’Ávila.