20 anos depois, o Governo decidiu ter (de novo) uma Secretaria de Estado exclusivamente para o Desporto, o que se deve saudar, uma vez que a costumeira junção do Desporto e da Juventude nunca trouxe os ganhos que muitos apregoaram.

Esta tutela dupla trazia mesmo queixas das duas áreas: a Juventude queixava-se que o Secretário de Estado era “mais” do Desporto, em termos mediáticos, temporais e orçamentais; o Desporto sinalizava um desvio de fundos das apostas sociais oriundas do desporto para a juventude ou para o mero funcionamento da máquina administrativa, insuficientemente dotada pelo Orçamento de Estado.

Em 2013 esta política de junção das áreas atingiu o cúmulo com a criação do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), que ainda por cima “amarrou” o Secretário de Estado a tutelar uma única estrutura pública.

Nestas duas décadas de Secretaria de Estado da Juventude e Desporto e uma década de IPDJ, nunca se cumpriram as “sinergias” entre estas áreas, que têm políticas públicas bem distintas, na verdade incompatíveis numa única estrutura da Administração Pública. A transversalidade etária do desporto nunca “casou” com a transversalidade de políticas da juventude.

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Face a esta realidade, o Comité Olímpico de Portugal (COP), antes das eleições de março de 2024, elaborou um documento que distribuiu a todos os partidos com representação parlamentar, em que defendeu o final do IPDJ, resultado de uma fusão implementada em 2013, propondo estruturas separadas.

Com a Juventude num Ministério próprio e o Desporto numa Secretaria de Estado dependente do Ministro dos Assuntos Parlamentares, parecem estar reunidas condições para concretizar esta proposta do COP, eliminando-se o conjunto de equívocos que, apesar dos esforços de quem exerceu a presidência do IPDJ, nunca foram desfeitos ao longo de 11 anos.

Têm, o novo Ministro e, especialmente, o Secretário de Estado do Desporto, a oportunidade de criar uma estrutura administrativa exclusivamente dedicada à implementação das políticas públicas desportivas, desejando-se mais eficiente e dotada de quadros qualificados para uma análise qualitativa do trabalho desenvolvido pelo movimento associativo.

E ainda aproveitar o momento para refletir sobre a forma da Administração central do Estado intervir em estruturas maioritariamente públicas existentes no Desporto em Portugal.

Os sinais são de esperança. Esperemos que a valorização social do Desporto permanentemente defendida pelo COP seja refletida nas políticas publicas do novo Governo.