No próximo dia 30 muitos pensarão em dar prioridade ao voto útil sobre o voto por convicção. Em primeira instância esse ímpeto não parece ser censurável, pois suspeito que se fizessem testes serológicos à população encontrariam mais anticorpos ao actual Governo do que ao Sars-Cov2. Instintivamente muitos querem votar contra António Costa antes de necessariamente votar para eleger qualquer outro. É difícil esquecer que o actual primeiro-ministro foi o número dois do pior líder de governo da nossa história e convém reflectir que ou não sabia as acções praticadas por José Sócrates e era incompetente, ou até sabia e era conivente, não se vislumbrando uma terceira possibilidade para definir quem é António Costa.

Porém, aquela que se apresenta como uma alternativa de governo não será apenas um fenómeno de alternância? Rui Rio já se dispôs por uma multitude de vezes a suportar um Governo PS, usando o porta-estandarte da estabilidade para suportar essa posição. De que estabilidade se trata? Dos baixos salários? Do jugo fiscal? De serviços públicos desorganizados e débeis? Votar numa alternância compromete verdadeiramente uma alternativa de futuro.

Há demasiados anos que Portugal se encontra em endemia, mas de pobreza e falta de ambição nacional. Não podemos continuar a fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes, ou estaremos apenas a encaixar numa definição de estupidez. Votar PS será aceitação expressa de que tudo está bem, votar PSD será a aceitação na sua forma tácita.

Compreende-se a vontade de votar contra alguém, sobretudo quando esse alguém nos provoca reacções viscerais. No boletim não pomos a cruz em quem não queremos que nos governe, mas sim em quem apresenta um futuro que podemos ansiar. E porque não um futuro que assente num modelo de primeiro crescer a Economia para que haja acumulação de riqueza a que todos tenham acesso? A igualdade de oportunidades, o desbloqueio de um elevador social avariado, o acesso à saúde com qualidade e tempos razoáveis, a escolha educativa ou a simples introdução de transparência e descomplicação da carga burocrática são objectivos que nos devem alimentar a nossa ambição.

Os caminhos da Liberdade definiram-se inicialmente como uma ‘impossibilidade nacional’, chegando até hoje como tema central de discussão e consideração. Nos últimos (apenas) quatro anos muito caminho foi feito pela libertação do Socialismo e a tendência evolutiva será a de um país mais liberal, mais amigo do cidadão e das organizações e, sobretudo, um caminho de esperança de um Portugal capaz de atingir o seu potencial.
Mudamos frequentemente de ideias políticas quando nos abrem a mente, nos tocam nos corações ou nos mexem no bolso. E andamos todos com o bolso mais leve e com o coração partido, contando que com o tempo também as mentes serão abertas.

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