Diário de um pai
O agosto da esperança antes do setembro do medo
Nunca precisámos tanto de um agosto. Nunca foi tão importante marcar a fronteira entre as memórias que não queremos que se repitam e o medo que não sabemos o que trará.
“Pai, aquele senhor morreu porque era negro?”
Não sei, filha. Mas o senhor que disparou matou-o porque é racista.
E o adolescente, como está a lidar com isto?
Os pais ficam mais descansados se os miúdos estiverem fechados no quarto e longe do perigo? Ou querer sair e estar com os amigos é o comportamento saudável? Como podemos ajuda-los e ficar tranquilos?
Como se desliga a ansiedade nas férias Covid?
Não há fórmulas cem por cento eficazes para alcançar a tranquilidade de que precisamos ou para controlar a ansiedade que agora disparou. Mas estes são tempos imprevisíveis. O melhor é aceitar isso.
Voltar à Beira no Verão. Manter a sanidade mental
A Covid separou avós e netos, impediu abraços, afastou famílias. Mas em férias, e com os devidos cuidados, é altura de tratar da saúde mental. Regressar “à terra” pode ajudar a trazer sanidade mental.
Um penso rápido cor de pele? Da pele de quem?
Explicar o racismo às crianças é simples. O que está certo, o que está errado, quando defender um colega, fazer queixa se for vítima. Mas depois a realidade mete-se pelo meio. E a teoria cai por terra
O que vão fazer aos filhos nas férias escolares?
As aulas dos filhos vão acabar. E o teletrabalho dos pais? Vão manter as crianças em casa ou mandá-las para os avós que tentaram proteger? Ou para os ATL que ainda não se sabe como vão funcionar?
A minha filha não volta à escola na segunda-feira
A pergunta tem corrido nos grupos de pais no WhastApp: “vão mandar o/a vosso/a filho/a para a escola?" Todos falaram com pediatras, uns respondem “sim”, outros optaram pelo “não”. Ninguém tem certezas
Como combater a fadiga do Zoom e dos filhos? Vinho
Antigamente, entre reuniões, descansávamos a cabeça. Hoje, pelo Zoom, acaba uma reunião, começa outra, baralhamos assuntos, nomes, datas, somos interrompidos pelos filhos. E começamos a beber mais cedo.
As pequenas vitórias que nos passam ao lado
No meio desta tempestade de areia que nos soterrou e nos deixou as vidas e as cabeças feitas num oito, há pequenas conquistas do dia a dia para celebrar. Talvez nos ajudem a ultrapassar isto melhor.
Filhos, teletrabalho, saúde mental, pouco descanso
Quantos planos saem furados num dia de teletrabalho com as crianças em casa? Quantas vezes desatam aos gritos? Quantas vezes pensam que estão a trabalhar muito mais agora do que alguma vez na vida?
Vamos poder sair de casa. E quem tem medo?
Medo do exterior. Do contágio. Do contacto com outras pessoas. Dos encontrões inadvertidos. Do aperto no metro. De tocar em superfícies contaminadas. Para muitos a barreira maior ainda está por passar
Já não estranhamos tudo. Apenas este 25 de abril
As coisas não ficam melhores nem mais fáceis. Ficam apenas menos estranhas ao deixar de ser inéditas. O hábito pode ser um manto seguro que nos dê uma sensação de normalidade. Menos no 25 de Abril.
3º período. Dar em doidos ou respirar de alívio
Vamos ter alguma folga porque os miúdos vão ter aulas pela net e vão estar ocupados? Ou vamos ter de lhes dar ainda mais atenção enquanto ocupam o computador que não sabem usar e de que precisamos?
O medo lá fora, a segurança cá dentro
Mesmo que agora pudéssemos desatar a abraçar, íamos fazê-lo com medo. Até haver uma vacina, o novo normal faz-se com muito receio. E só cá dentro nos sentimos seguros.
Nunca houve tanta companhia a animais de companhia
Nunca os cães foram tão passeados. Nem os gatos andaram tão fartos de dividir a casa com os humanos. Nunca notámos tanto nos sintomas das doenças deles. E quando acabar? Milhões de animais deprimidos?
Não vamos ter ensino à distância
Vamos tentar dar o nosso melhor e os professores estão a fazer das tripas coração para aprender. Parabéns a eles pelo esforço. Mas ensino à distância é outra coisa.
“E se eu infetar o meu filho?”
A enfermeira Irina não abraça a irmã há um mês. A anestesista Paula não toca no filho há duas semanas. O enfermeiro Vítor espera poder voltar a casa em junho. Estão longe dos que amam para os proteger
Não vamos à terra na Páscoa e a mãe está triste
Não vai haver via sacra. Não vamos juntar-nos ao fim do sábado de aleluia para cantar alvíssaras à meia-noite do domingo de ressurreição. E se alguém pensar ir hoje à aldeia, chamem-lhe irresponsável.
“E se te vestisses de professora?”
As crianças estão a lidar com as saudades da escola. Para todos os efeitos, o ano letivo acabou a 12 de março. Sem despedidas. O que se segue é uma incógnita.
“E então, o que vamos fazer hoje?” Fartos disto?
Começam a faltar as ideias para lidar com o isolamento e manter a cabeça de dois adultos e duas crianças no sítio certo. Isto já não é novo, isto é a vida real. Já não é um desafio, é uma constante.
A vida em suspenso
Consultas, casamentos, divórcios, empregos. Tudo interrompido. Primeiro percebemos que podíamos ter a vida em perigo. Depois vimos a vida a andar para trás. Agora sabemos que temos a vida suspensa.
O medo lá fora – a minha filha não quer sair
Quando tudo isto passar, algumas crianças precisarão de tempo. De ganhar novamente confiança no exterior. De sentir que é outra vez seguro tocar num baloiço ou emprestar um brinquedo a um amigo novo.
Pão, muito vinho e Bruno Nogueira
Estamos a ganhar peso. E a encomendar vinho. Não passamos sem notícias mas estamos cansados de ver tanta morte. Estamos apaixonados pelo Bruno Nogueira, pelo Rodrigo Guedes de Carvalho e por Eanes.
“Sim, vai mesmo ter que ir às urgências”
Em tempo de emergência, com um inimigo à solta que pode matar, enfiar-me num hospital era a última coisa que me apetecia. Mas talvez isto nos faça repensar: às urgências só o que é das urgências.
Os vossos pais também não param em casa?
Quase todos os dias, há alguma coisa que faz os meus pais terem vontade de sair de casa, alguma coisa que só eles é que podem fazer, só eles é que podem tratar, só eles é que sabem.
Como explicar o que sucedeu na Ponte 25 de Abril?
“Então já me podes explicar porque é que nós não podemos sair e aquelas pessoas podem?” Faltam-me as palavras para explicar à minha filha que filas grandes eram aquelas nos acessos à Ponte 25 de Abril
Às nove no Instagram ou às dez no Skype?
Tenho um grupo no Facebook. Chama-se “Um aplauso por dia, nem sabe o bem que lhe fazia”. Adiciono-te. Já batemos palmas aos padeiros, às pessoas que recolhem o lixo, aos farmacêuticos, aos polícias...
Rotinas 0 - 1 Sanidade mental. Lixem-se as rotinas
Ontem não houve rotinas. Ao fim de nove dias sem escola dei por mim verdadeiramente cansado por estar sempre a pensar no passo seguinte, na ação seguinte e na tarefa que é importante executar a seguir
Já chegou. Um dos nossos está infetado
As miúdas não se aperceberam. Fomos discretos, fizemos os telefonemas que tínhamos de fazer, os telemóveis no silêncio e não acrescentámos mais alarme ao estado em que têm vivido nos últimos dias.
E os professores, como estão a lidar com isto?
Não sabemos quando é que os nossos filhos voltarão à escola, mas é bem possível que o terceiro período se processe inteiramente à distância. Ou seja, é melhor esquecermos as aulas este ano letivo.
“Quando é que isto acaba?” Não sei, filha
Por muito que queiramos disfarçar e revestir o quotidiano com uma falsa sensação de normalidade, não há nada de normal aqui. Há apenas pais preocupados a tentar proteger filhas assustadas e frágeis.
Uma quarentena para conseguir ler todo o WhatsApp
Louça na máquina, ninguém fica de pijama, camas feitas, vamos à janela dar os bons dias aos vizinhos e, antes de nos sentarmos para os trabalhos de casa, espreito o écran. E vão 321 mensagens novas.
Domingos que parecem outro dia qualquer
Neste domingo não haverá almoços de família em casa da mãe ou do sogro, não haverá aquela aula especial no ginásio, não haverá o café rotineiro na pastelaria em frente à igreja.
#vaificartudobem, mas antes começa a ficar mal
Daqui a uns meses ou anos olharemos para estes tempos e talvez consigamos pensar no que fizemos bem ou mal na gestão de emoções durante as semanas ou meses fechados em casa. Agora pouco importa.
"Jantar de grupo. Por vídeo? Cada um na sua casa."
Nos últimos dias, com a vida virada do avesso, o Facetime, o WhatsApp, o Messenger, o Skype, o Instagram ou o Zoom levam a mesma emoção ao Porto, a Oeiras, a Benfica ou à casa do vizinho de cima.
Vai para dentro, olha que te constipas, pai
Hoje é um Dia do Pai diferente. Não há atividades na escola, não há brincadeiras na rua, não há coisas feitas ou pintadas ou coladas por elas. Para o ano vai ser melhor.
Teletrabalho? Não têm filhos pequenos, pois não?
Cada vez que começo esta frase, as minhas filhas já a sabem concluir de cor: “Sim, pai, nós sabemos que nos estás a deixar fazer coisas agora porque estamos nesta altura, depois volta tudo ao normal”.
Isolamento, dia 1: sabe o nome do seu vizinho?
Precisamos tanto de palavras. Como as daquela senhora que, depois de parar com a filha para responder ao nosso cumprimento, se deteve metros à frente e se voltou para nos dizer “vai ficar tudo bem".
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