Já se sabia sabia que os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) estão bem organizados. Ao cortar a água a localidades no Iraque cujas populações resistem ao seu avanço, o ISIS mostra, mais uma vez, uma perícia estratégica. A ameaça dos jihadistas é tão grave, conta o Washington Post, que os EUA estão a bombardear os extremistas nas redondezas das barragens de Mosul e Haditha, todos os dias. Mas mesmo assim, os militantes do Estado Islâmico continuam a ameaçar aquelas instalações: nesta terça-feira, ocorreram confrontos com tropas iraquianas, nas redondezas da barragem de Haditha.

Os militantes, em grande maioria da etnia sunita, querem conquistar as barragens “de forma a fundamentar a reivindicação que estão a construir mesmo um Estado”, explica o jornal norte-americano – o controlo das infraestruturas de distribuição de recursos hídricos é um ponto estratégico na gestão do país devido aos campos que é preciso irrigar e a necessidade de providenciar eletricidade à população.

O ISIS, neste momento, controla quatro barragens ao longo dos rios Eufrates e Tigre, as quais já utilizou para enfraquecer localidades que lhe estavam a oferecer resistência, cortando o fornecimento de água à população. O Estado Islâmico “compreende quão poderosa pode ser a água quando usada como ferramenta, e eles não têm medo de a usar”, disse Michael Stephens, especialista em temas de Médio Oriente e director do Instituto Royal United Services – uma organização sediada em Londres especializada em temas de segurança -, em declarações ao Washington Post. “Foi feito um esforço de controlar os recursos [naturais] no Iraque, de uma forma que nunca tinha sido feita em outros conflitos”, acrescentou.

A água, enquanto recursos necessário à vida, teve sempre um papel central em conflitos armados, desde que os países aliados bombardearam barragens alemãs, durante a Segunda Guerra Mundial. Ou quando, nos anos 1990, Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque, “secou uns lagos” no sul do país, para punir uma rebelião anti-governo que se havia formado. A ideia de uma organização como ISIS ter o controlo da distribuição de água no Iraque levanta muitas preocupações na Casa Branca. Em agosto os EUA ficaram tão preocupados quando, durante alguns momentos, o ISIS teve sob a sua alçada a barragem de Mosul, que apoiou uma grande operação por forças curdas para a recuperar.

“Caso a barragem fosse destruída, poderia ser catastrófico, com inundações que poderiam ameaçar a vida de centenas de pessoas e por em risco a nossa embaixada em Baghdad”, afirmou Barack Obama, presidente dos EUA, no dia 18 de agosto, data em que as forças curdas recuperaram o controlo da infraestrutura.

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