Sete dias da semana, seis polícias mortos. Este foi o cenário numa semana de novembro no ano passado, na Venezuela. Em 2014, foram assassinados 268 polícias no país. A taxa de homicídios de polícias subiu 25% naquele ano, em comparação com 2013. Em 2015, a média aumentou. Desde o primeiro dia do ano até agora morreu, em média, um polícia por dia.

Os dados são avançados pela Fundepro, uma organização promotora dos Direitos Humanos na América Latina. A fundação avança que a maioria dos polícias foram mortos para lhe “tirarem as armas”, os carros, as motos ou até os telemóveis. Há também mortes causadas por “vinganças” ou por tiroteios com os criminosos, e há ainda alguns que morreram durante protestos políticos.

Um polícia do país aponta uma possível explicação para as elevadas taxas. “Os criminosos têm verdadeiras armas de guerra, o poder deles é infinitamente superior ao nosso”, conta à Reuters, sem se identificar. “Se eu puser um criminoso destes na cadeia, ele depois sai de lá e vai à minha procura para me matar. Com o salário que os polícias recebem, não se pode viver numa mansão luxuosa”. Portanto, têm de viver nos bairros sociais, precisamente onde estão os grupos de risco para a prática de crimes.

A Venezuela é mesmo o segundo país do mundo com mais homicídios, avança a ONU. Há algumas explicações: há muitos gangs nos bairros mais pobres, o acesso às armas é muito fácil e são poucos os casos que chegam a tribunal. Quando o presidente Nicolas Maduro chegou ao poder, considerou o “combate ao crime” como prioridade. A população da Venezuela tem conhecimento dos homicídios constantes através da comunicação social mas, ao que parece, tem sentimentos “dúbios” quanto a esta realidade. Por um lado, está solidária para com as famílias. Por outro, não esquece os escândalos de corrupção que estão ligados aos polícias.

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