“O mundo perdeu um grande homem, um homem bom e um homem com quem era incrivelmente fácil simpatizar”. É assim que Paul Krugman, norte-americano Nobel da Economia em 2013, recorda José Silva Lopes, antigo ministro das Finanças e ex-governador do Banco de Portugal que morreu quinta-feira, 2 de abril. Krugman, que trabalhou com José Silva Lopes em Lisboa defende que Silva Lopes teve “um papel crucial ao pastorar o país em direção à comunidade europeia democrática”.

Na sua coluna habitual no The New York Times, Paul Krugman diz que Silva Lopes foi uma “inspiração chave para os meus primeiros trabalhos sobre crises de moeda”. Em particular quando José Silva Lopes dizia que “quando tiver seis meses de reservas de moeda, então não terei reservas algumas”. Krugman recorda, também, que o governador do Banco de Portugal descrevia o país, no final da década de 70, não como uma República das Bananas mas como uma “República dos Pijamas”, dada a grande proporção de exportações de vestuário.

Krugman pertencia a um grupo de estudantes do MIT (de Massachussetts) que passou o verão de 1976 em Portugal. Silva Lopes deve ter-se sentido “um pouco horrorizado por ter de lidar com um grupo de estudantes insolentes numa altura em que estava a tentar lidar com o caos de um sistema político ainda instável”. Mas Krugman “mostrou sempre um indefetível sentido de humor e inteligência”.

O Nobel da Economia salienta que Silva Lopes teve uma “carreira ilustre” e que teve “a honra e o prazer de o voltar a ver há dois anos”. Krugman recomenda aos seus leitores a leitura dos comentários de Silva Lopes para os textos produzidos durante a visita do Nobel da Economia a Lisboa, onde o norte-americano recebeu doutoramento honoris causa em três universidades. “Se lerem os seus comentários, verão que continuava arguto – e bem humorado – como sempre”, conclui Krugman.

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