Um homem condenado por dois homicídios foi ilibado e libertado, depois de ter passado quase 30 anos no corredor da morte no estado do Alabama (sudoeste), anunciaram no sábado os advogados de defesa.

Todas as acusações contra Anthony Ray Hinton foram abandonadas na quinta-feira pela decisão da juíza Laura Petro do tribunal distrital do condado de Jefferson, indicou a organização não governamental Equal Justice Initiative (EJI).

Anthony Ray Hinton é a 152.ª pessoa condenada à morte a ser inocentada desde 1973 nos Estados Unidos e a segunda neste ano, de acordo com uma contagem do Centro de Informação sobre a Pena Capital (DPIC).

Hinton é um dos presos absolvidos que mais tempo passou no corredor da morte no Alabama.

Em 1985, dois responsáveis de dois restaurantes de comida rápida da região de Birmingham foram mortos a tiro, durante assaltos. A polícia não encontrou qualquer prova.

A 25 de julho de 1985, o dono de um restaurante da mesma zona, em Bessemer, foi ferido a tiro num roubo.

Anthony Hinton, de 29 anos na época, um negro, foi detido e reconhecido pelo dono do restaurante.

O homem, que sempre afirmou estar inocente, trabalhava na época dos factos a cerca de 25 quilómetros do local, num entreposto. O supervisor e colegas de trabalho testemunharam a favor e um exame no detetor de mentiras também o ilibou.

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A acusação foi conduzida, de acordo com a EJI, por um procurador conhecido “pelos preconceitos raciais” e baseou-se numa arma encontrada na casa da mãe do acusado que, para os peritos nomeados pelo Estado, foi usado nos assaltos.

A defesa não conseguiu apresentar, por falta de meios, um perito credível e o acusado foi condenado à morte.

No ano passado, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos anulou a condenação e uma juíza ordenou a realização de um novo processo.

A organização EJI tomou conta do caso Hinton em 1999. Em 2002, vários peritos, incluindo um antigo responsável do FBI (Gabinete Federal de Investigação) testemunharam que a arma apreendida não podia ter disparado as balas dos homicídios.

“A raça, a pobreza, uma defesa inadequada e o desprezo pela presunção de inocência mostrada pela acusação fazem deste processo um caso da escola da injustiça”, afirmou em comunicado Bryan Stevenson, advogado do condenado e diretor da EJI.