O corpo decapitado de um jornalista brasileiro foi encontrado na zona rural de Padre Paraíso, no estado de Minas Gerais, reporta o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Evany José Metzker foi encontrado numa vala às portas da cidade na passada segunda-feira, 18 de maio, depois de um telefonema anónimo ter alertado as autoridades.
O corpo seminu do jornalista tinha as mãos atadas sobre a barriga — a cabeça foi descoberta horas depois, a 100 metros de distância. Metzker ainda tinha consigo a carteira, o relógio e um anel, diz o Globo. Pelo estado de decomposição do corpo, o jornalista estaria morto há cinco dias. A Época fez um relato pormenorizado do que terá acontecido, afirmando que este foi violentamente torturado.
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Metzker, de 67 anos, tinha um blogue chamado Coruja do Vale, onde se dedicava a escrever notícias relacionadas com política e corrupção na zona de Minas Gerais, um dos maiores estados do país. De acordo com a imprensa local, o jornalista estaria a investigar um caso de prostituição infantil. Num post publicado no blogue, a 9 de maio, pode-se ler que em Padre Paraíso “Regras e Leis, só atrapalham, aqui não temos isso”.
A sua mulher, Ilma Chaves Silva Borges, confirmou ao CPJ que Metzker estaria na região em trabalho. “Há muitos assassínios aqui. Acho que o motivo, tendo em conta a barbaridade do assassinato, deve-se ao facto de ele ter encontrado algo. Ele investigava presidentes da Câmara, políticos, roubos de carga e prostituição”, disse.
A morte selvagem do jornalista Evany José Metzker http://t.co/nemjaN7ZMd pic.twitter.com/iQCbRxfGdo
— Época (@RevistaEpoca) May 23, 2015
“Condenamos o assassínio brutal de Evany José Metzker e instamos às autoridades para que não deixem uma pedra por virar no decorrer da investigação deste crime e todos os seus possíveis motivos”, disse Carlos Lauría, da CPJ. “A habilidade de jornalistas locais para reportar as notícias está claramente a ser minada por uma violência mortal contra a imprensa brasileira.” Já a União de Jornalistas Profissionais emitiu um comunicado onde escreve que o assassínio deve ser “rigorosamente investigado” e que os responsáveis devem ser chamados à justiça.
A CPJ diz ainda que o Brasil tem assistido, nos últimos anos, a um aumento considerável de violência para com a imprensa nacional. Ao todo, e desde 2011, 14 jornalistas foram mortos em relação direta com o seu trabalho.