O lucro da EDP caiu 7% para 587 milhões de euros no primeiro semestre deste ano em relação ao período homólogo, penalizado pelas condições atmosféricas adversas na Península Ibérica, Brasil e EUA e por efeitos cambiais.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a elétrica liderada por António Mexia explicou que “em Portugal, a hidraulicidade no primeiro semestre ficou 25% aquém da média histórica, o que compara com uma hidraulicidade 37% acima da média primeiro semestre de 2014”.

A produção hidroelétrica em Portugal recuou 44% nos primeiros seis meses, tendo sido compensada pelo crescimento da geração térmica, em carvão e gás natural. Esta tecnologia registou o maior salto, mais de 500%, mas ainda tem um contributo residual para o mix de produção nacional.

Já no Brasil, a intensificação da seca nos primeiros seis meses do ano conduziu a um défice de geração hídrica de 20%.

A queda dos resultados líquidos só não foi mais acentuada porque este incluem ganhos não recorrentes que resultam da compra e venda de ativos no Brasil e Espanha. Excluindo todos os efeitos não recorrentes, ou seja, extraordinários, o lucro comparável teria caído 22% no primeiro semestre deste ano, explica a elétrica.

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A EDP contabilizou 61 milhões de euros para pagamento da sobretaxa sobre os ativos da energia, o mesmo valor que no ano passado, apesar do montante previsto para impostos sobre o lucro ter descido.

A margem operacional (EBITDA) da EDP cresceu 7% para os 2131 milhões de euros, beneficiando também de vários efeitos não recorrentes, sobretudo no Brasil onde este indicador contribuiu com um crescimento de 88%. Os resultados operacionais da EDP Brasil cresceram 113% em euros para 435 milhões de euros.

Já a produção contratada na Península Ibérica, onde se incluem os contratos de longo prazo com remuneração assegurada, registou uma queda de 10% nos resultados antes de impostos, o que reflete a baixa na produção das mini-hídricas. O desvio desfavorável verificado nas grandes barragens, devido à seca, será recuperado nos próximos dois anos.

Ainda do lado da produção, mas desta vez liberalizada, uma nota para o regresso este ano do pagamento da garantia de potência, uma espécie de subsídio de disponibilidade para as centrais elétricas que é financiado pelas tarifas elétricas. A EDP recebeu 10 milhões de euros de garantia de potência, ainda assim insuficiente para compensar a degradação da margem deste negócio.

Destaque ainda para o progresso de 7% no resultado operacional da EDP Renováveis, apesar da queda de 10% nos resultados antes de impostos, e para o crescimento de 4% no resultado da atividade de redes reguladas em Portugal e Espanha. O negócio de distribuição e a EDP Brasil foram as operações que mais contribuíram para o resultado operacional da EDP nos primeiros seis meses.

A procura de eletricidade cresceu 1,8% até junho, “uma recuperação moderada” face às quedas registadas nos anos mais recentes, tendo sido mais significativo em Espanha, acréscimo de 1,9% contra 1,2% em Portugal.