Já antes da campanha eleitoral, vários eram os nomes falados para um Governo socialista. Nas últimas semanas, com as negociações à esquerda, outros entraram no leque. Mas a mudança neste novo Executivo, caso o Presidente da República dê posse a António Costa começa logo com a estrutura de Governo. Por norma, o PS junta o Trabalho e a Segurança Social e separa a Educação da Ciência e Ensino Superior. Mas haverá mais novidades, anunciadas por Costa ainda durante a campanha: haverá um responsável pela modernização administrativa, retoma o ministério da Cultura e acrescenta um ministro dos Assuntos Europeus.

Finanças

O nome mais falado tem sido Mário Centeno. O homem das contas de António Costa é o nome quase evidente para assumir a pasta que tem o controlo das contas do Estado. Contudo, Centeno tem como área de especialização o Trabalho, e foi ele que coordenou as equipas técnicas nas reuniões com a esquerda e no programa de Governo, várias foram as alterações respeitantes à área das relações de trabalho, por pressão do PCP.

Assuntos Europeus

Foi uma das promessas de António Costa: acrescentar ao elenco de Governo um ministro sem Ministério, mas com força Executiva, o ministro dos Assuntos Europeus. No início, o nome mais falado chegou a ser o de Margarida Marques, que foi funcionária da Comissão Europeia, mas nos últimos tempos, Elisa Ferreira tem corrido como hipótese. A eurodeputada criou currículo em Bruxelas onde negociou de perto com alguns dos responsáveis políticos mais importantes para manterem a imagem de credibilidade do país lá fora. Foi relatora do Parlamento Europeu e chegou a ser elogiada pelo próprio primeiro-ministro Passos Coelho. Elisa é conhecida pelos parceiros europeus, é bem vista em Bruxelas e poderia assim ter maior margem de negociação tendo em conta que muitos dos assuntos que o PS quer ver discutidos serão negociados e debatidos no centro da Europa. Seria também um reforço na relação de Mário Centeno com os parceiros.

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Presidência e Modernização Administrativa

Foi outra das promessas do líder do PS – o de dar força de ministério à Modernização Administrativa. E de acordo com as últimas informações, dadas esta segunda-feira pela TVI, esta pasta pode ficar agregada à Presidência do Conselho de Ministros (PCM). Desde que Costa falou deste ministério que deu a indicação que seria uma pasta a entregar a Maria Leitão Marques, que, a confirmarem-se as notícias da TVI, seria assim o rosto do Governo na PCM. A deputada foi a coordenadora do documento do PS “Agenda para a Década”, um dos documentos pilares do programa de Governo.

Assuntos Parlamentares

O nome mais falado é Vieira da Silva. O ex-ministro da Economia, mas também da Segurança Social, é um político consensual à esquerda, ma duro na negociação o que poderá ser o trunfo mais forte de Costa no Parlamento em conjunto com Carlos César. 

Economia e Obras públicas

Esta é uma pasta concorrida. António Costa tem vários nomes que poderiam ter perfil para este cargo. O nome que mais vezes tem sido falado é Caldeira Cabral, que foi cabeça de lista em Braga. Entre os socialistas há também quem lance Pedro Nuno Santos, sobretudo depois de o líder do PS lhe ter dado o palco das negociações à esquerda. À importância nas negociações poderia corresponder uma importância no elenco governamental. 

Trabalho e Solidariedade Social

Pedro Marques saiu do Parlamento ainda durante a anterior legislatura, mas é um dos nomes que mais se ouve quando a pergunta é: Quem será o ministro da Segurança Social. Cresceu enquanto político como secretário de Estado quando Vieira da Silva era ministro e tem uma visão da pasta que agrada a António Costa. Técnico reconhecido, acabou por ir trabalhar para uma empresa privada, um lugar no Governo, e para desenvolver política onde se sente como peixe na água, seria uma aliciante para integrar este Executivo.

Negócios Estrangeiros

Houve quem no início desse como possível um convite de Costa a Assis para esta pasta. Seria uma maneira de incluir a oposição interna no Governo e de dar a Assis uma pasta com peso de Estado. Mas nem o líder do PS deu sinais de o querer fazer, nem Assis de aceitar, disse aliás que não faria sentido que o convidasse. Carta de fora, Marques Mendes falou de dois nomes: o ex-embaixador Francisco Seixas da Costa e o presidente da Câmara de Sintra Basílio Horta. Seixas da Costa é nome respeitado entre os socialistas e Basílio Horta foi o trunfo ex-direita que o candidato socialista esgrimiu ao PSD e CDS. Esteve por três vezes na campanha do PS. Seria uma repetição de Freitas no Governo de Sócrates: um fundador do CDS na pasta de Negócios Estrangeiros de um Governo socialista.

Defesa

Júlio Miranda Calha pode ser a solução de Costa para a área da defesa, onde deve ficar bem vincado o compromisso transatlântico. Já foi secretário de Estado da Defesa e faz parte da ala gamista do PS, ou seja, a chamada ala direita. É deputado desde a Assembleia Constituinte e apoiante desde a primeira hora de António Costa. 

Administração Interna

Fernando Rocha Andrade foi secretário de Estado de António Costa e um dos homens que voltou a estar no centro da política quando foi escolhido pelo líder para fazer parte da direção do partido. Muito próximo de António Costa, é um nome a ter em conta para a pasta da Administração Interna.

Justiça

O mesmo acontece a João Tiago Silveira. O agora deputado é o coordenador do gabinete de estudos e foi por ele que passaram muitas das reuniões com associações e sindicatos para a preparação dos 100 dias de um Governo PS. Foi secretário de Estado da Justiça no Governo de José Sócrates e é muito falado para vir a ser ministro nesta área. Segundo a TVI, Costa gostava também de ter um magistrado nesta pasta.

Agricultura

Capoulas Santos é sinónimo de agricultura no PS. Seria apenas mais uma vez que exerceria o cargo. A possibilidade de voltar a fazer parte de um Governo cresceu quando Costa o chamou para cabeça de lista por Évora. Nos últimos anos foi eurodeputado e um dos maiores especialistas europeus na PAC.

Ambiente

Esta poderá ser uma das pastas a parar a mãos de independentes. No entanto, uma das possíveis ministras é Helena Freitas. Foi não só cabeça de lista do PS por Coimbra, como foi chamada por Costa para as equipas técnicas de negociação com os Verdes. Doutorada em Ecologia, foi uma das principais contribuidoras para o programa na área do ambiente.

Educação

Tiago Brandão Rodrigues foi o jovem emigrante que Costa trouxe para a primeira linha do combate político. E pode ser para ele o ministério da Educação. Seria um dos ministros mais jovens. Foi cabeça de lista por Viana do Castelo durante os 15 dias de campanha eleitoral, foi ele que encabeçou os debates temáticos sobre educação durante a campanha eleitoral. Por norma os governos PS separam a Educação do Ensino Superior – que foi durante anos pasta atribuída a Mariano Gago.

Ensino Superior e Ciência

E pode ser um dos antigos “pupilos” de Mariano Gago a seguir as pisadas no Ensino Superior. Manuel Heitor é um dos ministeriáveis a ter em conta, sobretudo por ter sido ele o principal contribuidor para o programa nessa área.

Saúde

Adalberto Campos Fernandes, médico e especialista em saúde pública, ex-gestor do Hospital Santa Maria, é um dos homens que tem uma visão de Serviço Nacional de Saúde equivalente à de António Costa e foi também ele deu contributos para o programa nesta área. É tido como um dos possíveis ministros.

Cultura

Neste Governo há várias mulheres, mas Costa pode querer mais. E na Cultura, começa a surgir os rumores de que o socialista pode chamar a escritora Margarida Pinto Correia para a pasta. Se este é um novo nome a surgir, durante a campanha foi Rui Nery, que passou, mesmo que por pouco tempo, pelo ministério da Cultura quando Manuel Maria Carrilho era o ministro.

A configuração do Governo está ainda no campo das hipóteses, mas é já certo que o atual Governo não resistirá à moção de rejeição que vai ser apresentada e votada por PS, PCP e BE esta terça-feira.