Fazer conversa de circunstância ou, em inglês, small talk. Não são poucas as vezes em que somos forçados a isso, sobretudo num mês marcado por festas de diferentes círculos sociais — dezembro é um bom exemplo, habitualmente marcado por jantares de Natal com colegas de trabalho ou em casa de tios afastados. Não há nada de errado nisso, o problema é a falta de jeito que afeta muitas pessoas, incluindo a modelo Sara Sampaio (tal como contou no programa de televisão Alta Definição deste sábado). Mas caso seja como ela, não se preocupe: a ciência pode ajudá-lo a sentir-se melhor com a sua performance.

Imaginemos dois tipos de questões: “O que vai fazer nos próximos dias?” e “Quais são os seus planos para o próximo ano?”. É provável que sinta mais entusiasmo em responder à segunda pergunta. O facto de não conseguirmos descrever a nossa vida com a mesma facilidade com que falamos das nossas ambições não é apenas um “problema” social — o segredo está na forma como as memórias processam o futuro por oposição ao presente e ao passado.

Um estudo datado de 2008 e citado pelo Quartz demonstra isso mesmo. À data, um conjunto de psicólogos de diferentes universidades norte-americanas (Harvard incluída) debruçou-se sobre a memória e descobriu que o cérebro humano “olha” melhor para o que vai acontecer do que para o que já aconteceu. Isto porque nós, humanos, investimos mais emoção no futuro do que no passado — imaginar eventos vindouros ou a tão aguardada viagem que marcámos para daqui a dois meses gera mais satisfação do que olhar para trás.

Mas há mais. Outro estudo, agora de 2011, mostrou que o facto de as pessoas amnteciparem o que vem a seguir ajuda-as a tomar melhores decisões a longo prazo — ficou comprovado que os participantes envolvidos na pesquisa tinham maior probabilidade de salvar dinheiro ou evitar comer doces quando tinham uma visão completamente formada do seu futuro — ficarem mais ricos e/ou mais magros.

É precisamente por isso que a autora do artigo, Kate Groetzinger, escreve que ver mais além é uma grande parte do que nos torna humanos (até porque os animais vivem principalmente no presente). E é essa capacidade que faz com que possamos criar estratégias e até filosofar. Mas o que fazer, então, em relação às conversas de circunstância deste Natal? Fácil: em vez de perguntar o que a outra pessoa tenciona fazer nestas férias (caso as tenha), experimente perguntar quais as suas ambições para 2016. É provável que a resposta dê pano para mangas.

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