Zymology

Por estes dias, se andar pela Rua das Chagas à procura de uma placa com o nome Zymology — a expressão anglófona que define a ciência da fermentação — é possível que não encontre grande coisa. “Pedimos a um senhor em Aveiro para nos fazer uma placa à antiga, em ferro esmaltado, por isso é que está a demorar mais um bocadinho”, conta Rita Burnay, uma das mentoras do projeto, juntamente com o marido Rolim Carmo, da cervejeira Mean Sardine, e Rui Matias, fundador da Cerveteca, o primeiro bar lisboeta a dedicar-se, em exclusivo, à cerveja artesanal.

Apesar da falta de identificação temporária, não é difícil dar com o espaço. Principalmente se se tiver o faro apurado para estas coisas da cerveja artesanal. É que a concentração de referências disponíveis impressiona: ao todo são mais de 200, de diversos tipos e proveniências. “E estão sempre a chegar coisas novas”, avisa Rita. A maior parte fica disponível de imediato, mas também há garrafas que ficam a envelhecer, num frigorífico à parte. Perante a indecisão na escolha, nada como pedir conselhos a quem estiver atrás do balcão. “Fazemos questão de explicar os vários tipos de cerveja e dar aconselhamento personalizado”, assegura a responsável.

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Por enquanto ainda só há duas mesas no Zymology. Esta é uma delas.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

No Zymology as cervejas podem comprar-se para levar ou para ser consumidas no local, embora a sala que vai acolher o bar propriamente dito, com nove torneiras e cerca de 30 lugares, ainda não esteja concluída. Há-de estar até ao início do verão, certamente. “O facto de também sermos importadores e distribuidores tem feito com que o projeto avance mais lentamente”, explica Rita.

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Usar a palavra projeto, em vez de loja ou bar, faz aqui especial sentido. É que o Zymology não se fica pela venda e consumo da bebida. Aos sábados à tarde, por exemplo, têm organizado eventos destinados à prova de novas cervejas, de produtores caseiros previamente selecionados. Segundo Rita Burnay, a qualidade do produto tem surpreendido. “Há por aí gente a fazer coisas muito criativas, ainda a semana passada provámos uma cerveja incrível”, recorda.

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Os frigoríficos da casa guardam mais de 200 referências, de todos os tipos.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Mas há mais a acontecer no Zymology: desde apresentações de novas cervejas, à presença de cervejeiros internacionais (a 5 de março estará por lá John Brus, da holandesa De Molen, e um dia antes será organizado um jantar harmonizado com as cervejas da marca), a provas comentadas, de degustação, até cursos com uma duração maior, dirigidos, sobretudo, a profissionais. O primeiro deste tipo acontece já entre 30 de maio e 6 de junho e será ministrado pela academia alemã Doemens, com direito a provar mais de 120 cervejas, e, no final, a um certificado internacional de biersommelier.

De resto, o espaço — que era de um alfarrabista entretanto reformado, o pai de Rita — propõe-se a tudo aquilo que os seus responsáveis quiserem fazer para o dinamizar. Até porque com três salas amplas, espaço, na verdadeira aceção da palavra, é coisa que não falta por ali. E cerveja muito menos.

Rua das Chagas, 31-33 (Chiado) Lisboa. 918 346 847. De terça a sábado, das 14h às 19h

Duque Brewpub

Abriu no último sábado e tornou-se, oficialmente, no primeiro brewpub de Lisboa. Foi por pouco: os responsáveis do restaurante Chimera vão inaugurar o segundo muito em breve. Por ser o primeiro torna-se indispensável uma explicação prévia: afinal o que é isto de um brewpub? Simples, nas palavras dos próprios responsáveis do Duque, é a “designação atribuída a um espaço comercial aberto ao público onde é produzida e comercializada cerveja artesanal pronta a consumir.” Trocando por miúdos, é um bar (pub) onde, além de se servir, também se produz (brew) cerveja artesanal.

Tudo começou há mais ou menos ano, conta Tiago Castel-Branco, um dos homens da casa. “Como não sabíamos nada sobre cerveja artesanal, além do básico, eu e o Miguel [Nozolino, outro dos sócios] decidimos fazer um workshop.” Pelos vistos gostaram do que aprenderam. Um workshop levou a outro, com Fernando Gonçalves, da cervejeira Oitava Colina (“um mentor”, dizem) e esse levou a um festival de cerveja artesanal, onde conheceram Pedro Lima e Vítor Faria, que já tinham a sua própria marca, a Aroeira Brewing Company. A sede de uns juntou-se à vontade de beber dos outros e tornaram-se todos parte da mesma equipa.

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Três quartos da equipa responsável pelo Duque Brewpub. Da esquerda para a direita: Pedro Lima, Miguel Nozolino e Tiago Castel-Branco. O quarto elemento, Vítor Faria, estava ausente na altura da reportagem. (foto: © Tiago Pais / Observador)

Não se pense, contudo, que no Duque Brewpub — o nome é roubado à localização na Calçada homónima, que liga o Rossio ao Largo do Cauteleiro — se serve apenas Aroeira. Longe disso. Das nove torneiras vão jorrar sempre pelo menos quatro opções rotativas de outras marcas nacionais de cerveja artesanal.

Já as de fabrico próprio, que saem diretamente dos tanques de fermentação da instalados atrás do bar, não só nunca se irão repetir, como, garante Miguel, “vão incluir colaborações com outros cervejeiros”. Em garrafa, haverá cerca de 30 opções diferentes, todas elas nacionais, entre os 3 e os 17€. Para matar a fome há tostas e petiscos simples mas eficazes.

Tal como acontece no tap room da Dois Corvos (de que o Observador já deu conta), aqui também se pode optar pelos growlers — ou jerricans, como lhes chamam –, garrafas de um litro que podem ser compradas, enchidas com a cerveja que estiver disponível à pressão e reutilizadas. O lema que lhes foi inscrito vem, aliás, nesse sentido: “encher, beber, repetir”.

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No Duque Brewpub há Aroeira, claro, mas também várias outras marcas nacionais de cerveja artesanal.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Ao longo dos próximos tempos a agenda de eventos do Duque estará bastante preenchida. A 3 de março, por exemplo, acontecerá ali um encontro do Fórum Cervejas do Mundo. Seguir-se-ão alguns workshops já planeados, como um de sommelier de cervejas, com Bruno Aquino, bem como os lançamentos de diversas marcas de cerveja.

Será normal que em algumas dessas ocasiões se faça sentir um leve aroma a malte no ar. Afinal, a fábrica — que tem capacidade para produzir 1500 litros de cerveja por mês — está logo atrás do bar, ao alcance da vista e do olfato. Mais resguardados, nesse aspeto, ficarão os 20 a 25 lugares de esplanada, a inaugurar em breve. Nessa altura, o horário de funcionamento deverá alargar ligeiramente. Mais tempo para brindar.

Calçada do Duque, 49-51 (Chiado). 21 346 9947. De domingo a quarta, das 15h às 00h, de quinta a sábado das 15h às 01h.