No verão de 2012, no meio do Oceano Pacífico, Markus Eriksen avistou aquilo que lhe pareceu ser uma baleia. Chegando mais perto, o ecologista percebeu que era afinal um barco com carateres japoneses. “Foi então que tudo mudou. Isto pertencia a alguém“, afirmou à BBC.
O barco tinha sido arrastado para o meio do oceano depois do tsunami no Japão de 11 de março de 2011, que resultou na morte de 16 mil pessoas. Para além das vítimas mortais, 20 milhões de toneladas de material foram arrastados para o mar. Embora a maior parte desse material se tenha afundado, ainda há objetos a flutuar na costa da América do Norte.
Estas são as histórias mais mirabolantes de alguns dos objetos que deram à costa, depois do tsunami.
1. Mota Harley-Davidson
Mota Harley-Davidson que foi arrastada pelo tsunami, no museu da marca
Em abril de 2012, Peter Mark encontrou uma mota Harley-Davidson na Colúmbia Britânica, no Canadá.
Quando o americano a encontrou, a mota ainda estava dentro do contentor em que o seu dono, Ikio Yokohama, a guardava. Mark notou que a mota tinha uma matrícula japonesa, suspeitando que era um resto do tsunami.
Quando foi contactado para receber o veículo, Ikio Yokohama decidiu que a mota devia ser exposta no museu Harley-Davidson, como forma de tributo às vidas perdidas durante o desastre natural.
2. Letreiro de uma aldeia
Tabuleta que indicava os apartamentos em Tanohata
A aldeia de Tanohata foi arrasada pelo tsunami em 2011. Entre os destroços que foram arrastados, encontrava-se uma tabuleta onde se podia ler “Conjunto Residencial Shimanokoshi”, indicando o nome do edifício de onde fora arrancada pela onda.
A tabuleta foi encontrada no Havai a seis mil quilómetros de distância da prefeitura de Iwate.
O letreiro foi enviado de volta para o lugar de origem em julho de 2014. O facto de a tabuleta ter voltado à aldeia ajudou a reforçar a confiança dos habitantes de Tanohata, que começavam a reconstruir a sua aldeia, afirmou Hiroshi Ishihara, o alcaide da aldeia.
Os aldeões puseram o letreiro em exposição para lembrar às gerações futuras o sucedido.
A tabuleta foi devolvida à aldeia de Tanohata
3. A bola de futebol
Bola assinada de Murakami
Misaki Murakami, de 16 anos, perdeu todas as suas posses quando o tsunami varreu a sua casa em Rikuzentakata.
Um ano mais tarde, David e Yumi Baxter encontraram uma bola de futebol que havia sido oferecida a Murakami pelos seus colegas da turma. Yumi Baxter era japonesa e conseguiu ler o nome, a escola e a mensagem de boa sorte escritas na bola, tornando-se fácil encontrar o dono.
Quando recebeu a bola, o jovem afirmou “Não tinha recuperado nenhuma das minhas coisas, por isso estou muito contente com isto.”
4. Barco a remos
O barco a remos deu à costa coberto de moluscos
Na costa da Califórnia, um grupo de estudantes universitários encontrou um barco a remos, em abril de 2013.
O barco, chamado Kamome (“Gaivota”) pertencia a uma escola secundária em Kikuzentakata e foi arrastado da aldeia pela onda gigante que atingiu a costa japonesa.
O barco foi restaurado e criou-se um programa de intercâmbio entre as duas escolas, depois de a embarcação ter sido devolvida.
A história do barco a remos foi contada num livro para crianças bilingue e ilustrado intitulado A Extraordinária Viagem de Komake: Um Barco do Tsunami Volta a Casa (The Extraordinary Voyage of Komame: A Tsunami Boat Comes Home).
5. Barco de pesca
Barco fantasma que andava à deriva no Oceano Pacífico
O maior objeto arrastado pelo tsunami foi um “barco fantasma” avistado pela primeira vez em março de 2012, na costa da Colúmbia Britânica.
Como o barco andava à deriva e podia representar um perigo para outras embarcações, as autoridades decidiram afundá-lo a 314 quilómetros de distância da costa do Alasca.
O barco de pesca a ser afundado por um tiro de canhão
