As autoridades belgas carregaram este domingo sobre um grupo de elementos suspeitos de serem de extrema-direita no centro Bruxelas, depois de momentos de tensão com aqueles que tinham ido à Praça da Bolsa prestar homenagem às vítimas dos atentados. De acordo com a televisão estatal belga RTBF os manifestantes eram entre 500 a mil.

“Os fascistas é que são terroristas”, “não quero fascistas no meu bairro”, foram algumas das palavras de ordem das pessoas contra um grupo grande de elementos vestidos de preto que se aproximou das baias de proteção da zona da Bolsa, onde surgiu um memorial espontâneo de homenagem às vítimas dos atentados de terça-feira.

Os homens estavam com máscaras e todos vestidos de preto. Segundo a imprensa belga, o grupo organizado tinha chegado ao centro de Bruxelas vindo de Vilvorde e pertencia a claques extremistas de clubes de futebol da primeira divisão belga. O grupo de centenas de pessoas chegou à gare do Norte, em Bruxelas, e dirigiu-se a pé – acompanhado de um cordão policial – até à Praça da Bolsa, onde se tem concentrado a homenagem às vítimas. Foi apenas quando chegaram ao local que os desentendimentos começaram. A polícia de choque usou canhões de água para travar os manifestantes.

“Estou chocado com o que se passou aqui. Nós tínhamos sido prevenidos ontem de que eles podiam vir e o que vejo é que nada foi feito para impedir a sua vinda”, disse o presidente da câmara de Bruxelas Yvan Mayeur, citado pelo jornal L’Echo, acrescentando que espera uma “reação do governo federal” para esclarecer o sucedido. Os “hooligans” vinham da região belga da Flandres.

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O grupo foi afastado da Praça da Bolsa até à Gare do Norte, onde foi forçado a entrar nas composições ferroviárias. O trajeto feito, de cerca de dois quilómetros, acabou por ser semelhante ao que estava previsto pela “Marcha contra o medo”, uma ação de repúdio dos atentados que acabou por ser desconvocada por motivos de segurança.

Eis alguns vídeos que foram registados no local:

Protesto era contra imigrantes

Os homens que criaram distúrbios esta tarde alegaram que a ação, interrompida pela polícia, visava os imigrantes, acusados de viverem à conta do estado social belga. Em declarações à Lusa, um dos manifestantes disse “estar farto disto: Eles só têm direitos, não querem ter obrigações”. O homem, que estava vestido de negro, falou à Lusa em espanhol, alegando que é descendente de imigrantes espanhóis no país mas que é diferente de quem está a chegar agora de novo à Bélgica.

A mãe, disse, imigrou de Espanha para a Bélgica aos 14 anos, com o avô, para trabalharem, “ao contrário destes”. “Estou farto do que se passa. Tanto faz que sejam muçulmanos ou não. Eles nem têm que trabalhar porque lhes dão tudo”, afirmou o elemento do grupo, integralmente vestido de preto e que foi afastado da Praça da Bolsa pelas autoridades belgas.

Vindo de Gent, perto de Antuérpia, o homem não quis esclarecer novas ações do grupo associado à extrema-direita, limitando-se a dizer: “Estamos preparados para a guerra”.