Mais de 60 pessoas exigiram hoje, perante o Consulado Geral de Angola no Porto, “liberdade já” para os 17 ativistas condenados a penas de prisão entre os dois e os oito anos no início da semana em Luanda.

Por entre cânticos como “eu não sei, mas ouvi dizer que o ‘Zédu’ só quer poder” ou “o silêncio mata”, dezenas de pessoas marcharam da rotunda da Boavista até ao Consulado Geral de Angola, onde foram lidas mensagens e declarações de apoio e de solidariedade para com os 17 ativistas, marcando já novo protesto para o dia 25 de abril.

“Estamos a falar de direitos humanos. Antes da política toda, da ideologia toda, estamos a falar de direitos humanos. É óbvio que não vamos ser nós a fazer a luta dos angolanos, queremos apenas estar solidários e apoiar e mostrar que as coisas não podem ser assim nos dias de hoje”, disse à Lusa José Leal, um dos jovens que convocaram o protesto, acrescentando que o que pretendem transmitir é simples: “[O presidente] José Eduardo dos Santos está a fazer coisas erradas”.

Por seu lado, Leonor Figueiredo, outra das organizadoras, lembrou que na quinta-feira foi chumbado na Assembleia da República o voto de condenação da situação dos 17 ativistas, com os votos contra do PSD, do CDS e do PCP, e realçou que “uma ditadura não é um assunto interno, [mas sim] um assunto de direitos humanos internacionais e é algo que deve preocupar todos”.

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Tidos como “revolucionários”, por contestarem o regime angolano com manifestações e outros protestos de rua desde 2011, estes ativistas, caso nenhum recurso para o Supremo ou Constitucional tenha entretanto efeito, vão permanecer na prisão para além de 2017, ano de eleições gerais em Angola.

Globalmente, o tribunal deu como provado que os acusados formaram uma associação de malfeitores, pelas reuniões que realizaram em Luanda entre maio e junho de 2015 (quando foram detidos). Num “plano” desenvolvido em coautoria, pretendiam – concluiu o tribunal – destituir os órgãos de soberania legitimamente eleitos, através de ações de “Raiva, Revolta e Revolução”, colocando no poder elementos da sua “conveniência” e que integravam a lista para um “governo de salvação nacional”.

O ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão, de 34 anos, foi condenado pelo tribunal a dois anos de cadeia por atos preparatórios para uma rebelião, dois anos pelo crime de associação de malfeitores e outros dois anos por falsificação de documentos, tendo a cumprir, em cúmulo jurídico, uma pena única de cinco anos e seis meses de cadeia.