Quatro primos direitos de José Sócrates estiveram sob escuta e foram alvo de buscas domiciliárias no caso Monte Branco em outubro de 2015 — dias depois de o ex-primeiro-ministro ter sido libertado da prisão domiciliária a que tinha sido sujeito no âmbito da Operação Marquês. Estavam em causa suspeitas da alegada prática dos crimes de fraude fiscal e de branqueamento de capitais por parte da família Pinto de Sousa.

A notícia é da revista Sábado, que avança que José Paulo Pinto de Sousa é suspeito de estar alegadamente envolvido em operações de branqueamento de mais de 2,9 milhões de euros entre 2005 e 2011. Boa parte desse montante (cerca de 2 milhões de euros) terá tido origem em contas de sociedades offshore tituladas por Helder Bataglia, casado com uma irmã de José Paulo (Maria Filomena).

Foi a partir do circuito dessas transferências detetadas no caso Monte Branco e da identificação das sociedades offshore utilizadas (a Markell International de Bataglia e a Gunter Finance, de José Paulo) que o Ministério Público (MP) travou conhecimento com Carlos Santos Silva, o empresário amigo de José Sócrates, que também terá participado no alegado esquema de branqueamento de capitais imputado pelo MP através da sociedade offshore Giffard Finance.

Mais tarde, toda esta prova prova foi transmitida à Operação Marquês devido às suspeitas do MP de que Santos Silva seria um testa-de-ferro de José Sócrates.

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Aliás, segundo a Sábado, o inspetor Paulo Silva começou a suspeitar do envolvimento de Sócrates com Carlos Santos Silva e com o seu primo José Paulo Pinto de Sousa quando este e o seu irmão António (ambos sob escuta telefónica) começaram a utilizar códigos para referirem-se ao “Chefe” e ao “Viajante”. Para Paulo Silva, o primeiro seria José Sócrates e o segundo Helder Bataglia.

Fava suspeita de ter recebido 1 milhão de euros

O Diário de Notícias revela esta quarta-feira que Sofia Fava, ex-mulher de José Sócrates, é suspeita de ter recebido cerca de 1 milhão de euros do empresário Carlos Santos Silva. Essa soma deriva de financiamentos para compra e obras em imóveis, de entrega de numerário e de pagamentos de estadas e viagens, como o Observador já tinha noticiado.

Daí o procurador Rosário Teixeira ter constituído Sofia Fava como arguida por suspeitas da prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, tendo igualmente reclamado o pagamento de 191 mil euros de impostos em atraso em sede de IRS e de IVA.