A Universidade de York, em Toronto, no Canadá, anunciou, esta segunda-feira, a criação do Prémio ‘Pedras Negras: Espírito Açoriano’, que visa distinguir o melhor aluno do programa de Estudos Portugueses e Luso-brasileiros.

“O Prémio Pedras Negras: Espírito Açoriano foi criado em 2014 na Universidade de York, tem o patrocínio do Banco Santander Totta, e o objetivo é distinguir a progressão e o mérito académico bem como o envolvimento em atividades co(extra)curriculares em Estudos Portugueses e Luso-brasileiros”, afirmou, esta segunda-feira, à Lusa a professora Inês Cardoso.

A docente do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, doutorada em Didática de Língua, a lecionar na Universidade de York, explicou que este prémio “reconhece os estudantes inscritos neste programa a tempo inteiro que já tenham completado, pelo menos, 12 créditos em disciplinas com a rubrica correspondente”.

O Prémio pretende também “homenagear o escritor José Dias de Melo”, autor da obra ‘Pedras Negras’, de 1964, um importante escritor português, natural dos Açores.

“Celebrizou-se como o ‘escritor das baleias’, particularmente por a sua obra literária versar ampla e profundamente a saga do povo açoriano, especialmente associada à problemática da indústria baleeira”, sublinhou a professora Maria João Dodman, docente da Universidade de York.

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A professora, doutorada pela Universidade de Toronto com a especialidade de literatura ibérica, e uma segunda especialização em literatura brasileira, enalteceu que o escritor, falecido a 24 de setembro de 2008, aos 83 anos, foi um “acérrimo defensor dos ideais de igualdade, dignidade, liberdade e justiça social”.

“O autor deixou-nos, de forma viva e acutilante, histórias marcadas pela exploração, pobreza e injustiça, vivenciadas por açorianos, em que se reveem, com profunda humanidade e universalidade, tantos quantos construíram percursos nas malhas da miséria”, frisou.

O ‘Prémio Pedras Negras: Espírito Açoriano’ (2015/16) vai este ano ser atribuído à aluna lusodescendente Natasha Ferreira, no próximo dia 14 de novembro, na Casa dos Açores do Ontário, pela sua dedicação e participação bastante ativa na comunidade universitária.

“Estes cursos e o que me foi ensinado ajudaram-me na aproximação às minhas raízes e mudaram para sempre a minha experiência de visitar Portugal”, declarou a estudante, cujos pais são originários de Barcelos.

Para Natasha Ferreira, “os cursos sobre história e literatura portuguesas dão aos alunos uma nova perspetiva acerca de um povo que contribuiu para um mundo com muito mais conexões; os percursos histórico-políticos de Portugal e do mundo lusófono e a variedade da Língua Portuguesa. Todos estes aspetos alargaram muito mais as noções que eu tinha sobre ‘ser portuguesa'”.

O programa de Estudos Portugueses e Luso-brasileiros pertence à Faculdade de Artes Liberais e Estudos Profissionais, uma das faculdades de estudos liberais maiores do país, com cerca de 28 mil alunos.