O escândalo de corrupção relacionado com a brasileira Odebrecht e as ramificações que se estendem ao resto da América Latina estão a atingir o presidente colombiano Juan Manuel Santos. Segundo a imprensa espanhola, em causa está uma suposta injeção de um milhão de dólares na campanha presidencial de 2014 que culminou na reeleição de Juan Manuel Santos. Esta terça-feira, o Ministério Público anunciou em comunicado que parte do dinheiro recebido por um ex-deputado detido no início do ano destinava-se mesmo a financiar a campanha eleitoral do atual presidente colombiano.

Trata-se, segundo o El País, de um ex-deputado do partido liberal, Otto Bula, que foi detido no passado dia 14 de janeiro por alegadamente ter recebido luvas da Odebrecht para conseguir fechar para a empresa brasileira o negócio de construção de uma extensão de estrada na Colômbia. Como contrapartida, o então deputado terá recebido uma comissão de 4,6 milhões de dólares. O que o Ministério Público colombiano agora revelou foi que, desse montante, um milhão de dólares terá sido destinado à campanha de reeleição do Presidente Juan Manuel Santos em 2014.

“[Otto Bula] realizou durante o ano de 2014 duas remessas para a Colômbia (…) na soma total de um milhão de dólares, cujo beneficiário final teria sido a administração da campanha ‘Santos Presidente – 2014′”, disse o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, em conferência de impressa. E do milhão de dólares que supostamente foi enviado para a campanha de Santos, eleito em 2010 para um mandato de quatro anos e depois reeleito em 2014, “teria sido descontada uma comissão de 10% em favor de terceiros já identificados pelo Ministério Público”, acrescentou Martínez.

A detenção do ex-parlamentar Otto Bula foi já a segunda a acontecer na Colômbia por corrupção em contratos com a construtora brasileira. Antes, também o ex-vice-ministro dos Transportes Gabriel García Morales, que exerceu o cargo durante o Governo do ex-presidente Álvaro Uribe, tinha sido detido pelas mesmas suspeitas.

Segundo a acusação, Bula, que exerceu o seu mandato no congresso entre 1998-2002 e 2002-2006, mas como suplente de Mario Uribe, primo do ex-presidente Uribe e preso por vínculos com paramilitares, foi contratado pela construtora brasileira para interferir no contrato da obra pública relacionada com a extensão da chamada Rota do Sol, uma estrada de mais de 500 km que liga o centro do país ao Caribe, e cuja execução começou no mandato de Álvaro Uribe, entre 2002 e 2010.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR