O presidente da ANA – Aeroportos de Portugal admite que a rota da Madeira não é muito sedutora paras as companhias aéreas. A sua rentabilidade, explicou Ponce de Leão no Parlamento, é condicionada pela imprevisibilidade dos fatores climatéricos, como ficou demonstrado nos últimos dias, mas também por causa de um nível mais elevado de qualificações técnicas exigido que torna mais complexa a gestão das tripulações.

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Ainda que não exista uma concertação efetiva das duas companhias áreas que mais voam para a Madeira, a TAP e a Easyjet, o resultado final da oferta e das diferentes estratégias comerciais das duas empresas acaba por ser o de uma cartelização, reconheceu o presidente da ANA no Parlamento. A gestora dos aeroportos está à procura de soluções para reforçar a oferta para a Madeira, convencendo mais companhias a voar para este destino. Só assim, sublinhou Ponce de Leão esta terça-feira na comissão parlamentar de economia e obras públicas, será possível baixar os preços dos bilhetes. O presidente da ANA foi chamado ao Parlamento para falar sobre as ligações aéreas para a Madeira.

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O responsável revela que a operadora dos aeroportos está a estudar um novo modelo de incentivos às companhias que queiram basear os seus aviões em todos os aeroportos da rede ANA, com a exceção de Lisboa. Este novo esquema está em fase de consulta pública junto das companhias aéreas e deverá entrar em vigor no início de 2018.

Apesar de reconhecer a necessidade de reforçar a oferta de voos, Ponce de Leão explica porque é que a ANA rejeitou a proposta feita pela companhia low-cost Ryanair para começar a voar para a Madeira. A Ryanair “exigia condições que a ANA não podia dar para não criar condições discriminatórias” face a outras companhias. A gestora dos aeroportos dá incentivos às companhias, mas estes só estão disponíveis para quem aderir e são iguais para todas as que quiserem fazer a rota, como acontece nos Açores.

“Não quero ficar às mãos da Ryanair em lado nenhum”, disse ainda Jorge Ponce de Leão, afastando o pagamento à companhia irlandesa de custos que a ela lhe sejam imputados, porque se não, “os outros” operadores no Funchal poderiam abandonar a rota.

A empresa low-cost pediu um incentivo financeiro por passageiro transportado, de 5 a 12,5 euros, para fazer a rota do Funchal, o que representaria um incentivo financeiro anual da ordem dos seis milhões de euros. Ponce de Leão assinala que a gestora dos aeroportos dá preferência à concessão de incentivos à oferta e não à procura.

O responsável admite que as taxas aeroportuárias no aeroporto de Funchal ainda vão ter de descer, no sentido da convergência com Lisboa que, segundo o contrato de concessão deverá ser alcançada em dez anos, mas recusa a ideia de que esta seja a razão pela qual a oferta comercial para a Madeira não tem preços competitivos. As taxas na Madeira têm descido desde 2013 e não foi por isso que os preços dos bilhetes deixaram de aumentar, ao contrário do que aconteceu no aeroporto de Lisboa. O tráfego para a região tem-se mantido estável nos 900 mil passageiros por ano.

Ponce de Leão revelou ainda que a ANA negociou a vinda da Transavia, low-cost controlada pela Air France/KLM, para Portugal, com um avião na Madeira e cinco no Continente (três em Lisboa e dois no Porto). Chegou a ser constituída uma filial, mas esta possibilidade acabou por ser inviabilizada pela greve dos pilotos na Air France.