O Governo do Presidente brasileiro Michel Temer foi acusado pela organização não-governamental (ONG) Repórter Brasil de tentar esconder a exploração de trabalhadores em condições consideradas como escravatura dos tempos modernos. Desde 2003 que a chamada “lista suja”, que identifica as empresas que maltratam os seus trabalhadores, tem sido utilizada como arma para combater abusos, especialmente no setor agrícola brasileiro. A lista era divulgada a cada seis meses mas não surge desde que Temer assumiu a presidência, em maio de 2016, após a destituição da sua antecessora, Dilma Rousseff.

“Está claro que o governo está censurando a lista suja e a impressão que fica para sociedade é que neste momento o Ministério do Trabalho tem o objetivo de proteger as empresas e não os trabalhadores”, disse Leonardo Sakamoto, fundador da ONG Repórter Brasil, que investiga empresas acusadas de abusar de trabalhadores.

Quase 46 milhões de pessoas em todo o mundo trabalham em condições semelhantes à de escravatura, a maioria no Bangladesh, China, Índia, Paquistão e Uzbequistão, de acordo com a ONG Walk Free Foundation, baseada na Austrália. No Brasil, onde a escravatura foi abolida em 1888, as organizações estimam que existam mais de 150 vítimas.

A maioria são jovens de zonas pobres, atraídos por promessas de boas condições de trabalho nas extensas plantações de soja e cana-de-açúcar, ou em empresas de criação de gado. Quando lá chegam são mal alimentados, obrigados a trabalhar sem pagamento e ameaçados se tentarem fugir, segundo descreveu Xavier Plassat, do grupo católico Comissão Pastoral da Terra, no ano passado.

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