A Coreia do Norte lançou na terça-feira à noite um míssil balístico em direção ao Mar do Japão. A informação foi inicialmente avançada por fontes oficiais do Governo sul-coreano e está a merecer o eco de vários órgãos de comunicação social internacionais. Japão e Coreia do Sul já condenaram o exercício militar norte-coreano. Estados Unidos assumem posição “enigmática”.

O projétil foi lançado de Sinpo, na província norte-coreana de Hamgyong do Sul, e percorreu cerca de 60 quilómetros, de acordo com o exército sul-coreano. Este exercício militar aconteceu no mesmo dia em que Donald Trump recebe na Florida o homólogo chinês, Xi Jinping, um encontro que terá a Coreia do Norte como tema principal.

Rex Tillerson, Secretário de Estado dos Estados Unidos, já reagiu ao lançamento do míssil, através de um comunicado que o The Guardian classifica como “enigmático”. Disse Rex Tillerson: “Os Estados Unidos já falaram o suficiente sobre a Coreia do Norte. Não temos mais comentários a fazer”.

Horas antes do exercício militar, no entanto, escreve o mesmo The Guardian, uma fonte oficial da Administração Trump sugeria que os esforços diplomáticos se estavam a esgotar — o relógio está a correr perigosamente, mas ninguém sabe exatamente para onde.

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“Gostaríamos de ver a Coreia do Norte a juntar-se à comunidade das nações. Tem-lhes sido dada essa oportunidade ao longo do tempo, com abordagens e ofertas diferentes, com representantes de quatro administrações, com alguns dos melhores diplomatas e estadistas a fazerem o melhor que podiam para encontrar alguma solução. [Sem sucesso]. O relógio acabou e todas as opções estão em cima da mesa”, afirmou a mesma fonte oficial.

O Governo do Japão, por sua vez, condenou abertamente novo lançamento de um míssil balístico da Coreia do Norte, um teste que considerou uma “clara violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

De acordo com agência Lusa, o porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga, explicou que o míssil foi disparado pelas 6h40 de quarta-feira (22h40 de terça-feira em Lisboa) e que caiu caiu fora da zona económica exclusiva das águas territoriais japonesas. Ainda assim, sublinhou o responsável, este lançamento é “extremamente problemático para a segurança aérea e marítima”.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deu instruções para se reunir mais informação sobre o novo teste de armamento do regime norte-coreano e ordenou às Forças de Autodefesa (exército) que se “preparem para qualquer eventualidade”, acrescentou o porta-voz do Executivo.

Seul precisou que o lançamento se realizou a partir de terra e não do mar, descartando a possibilidade de ser um míssil balístico lançado a partir de um submarino, o tipo que Pyongyang habitualmente testa em Sinpo, onde se encontra o principal centro de desenvolvimento destes projéteis.

Entretanto, a China já veio descartar qualquer ligação entre o lançamento deste míssil balístico com o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping.

Segundo a agência Reuters, existe um risco acrescido de a Coreia do Norte continuar com estes testes militares durante a próxima semana, altura em que o país comemora o 105º aniversário do nascimento do pai da pátria, Kim Il-sung. A mesma Reuters lembra que Kim Jong-un, neto do fundador do país, tem usado o aniversário do avô para testar mísseis balísticos ou para tentar colocar satélites em órbita, por exemplo.

O regime de Pyongyang garante estar a prestes a testar um míssil intercontinental, capaz de atingir os Estados Unidos. Ainda que essa ameaça não seja desvalorizada pelos responsáveis de Seul e de Washington, os especialistas acreditam que o regime norte-coreano ainda não desenvolveu a tecnologia necessária para concretizar um ataque dessa magnitude.