Há 13 espaços museológicos que se encontram abertos esta sexta-feira apesar da greve decretada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, disse à Agência Lusa fonte oficial da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Segundo a mesma fonte, entre os espaços que se encontram abertos há três (Museu Nacional de Arte Antiga, o Palácio Nacional de Mafra e Panteão Nacional) que estão a funcionar parcialmente.

Além destes, os museus que se encontram abertos são o Museu do Chiado, o Museu da Música e o Museu do Azulejo, o Palácio da Ajuda, em Lisboa, o Museu de Machado de Castro, em Coimbra, o Museu Frei Bartolomeu do Cenáculo, em Évora, e o Forte de Sagres.

Por outro lado, há 11 espaços fechados no primeiro de dois dias de greve dos trabalhadores dos museus decretada pela estrutura sindical, acrescentou à Agência Lusa a mesma fonte — a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, os museus nacionais do Teatro, Grão Vasco, dos Coches, Soares dos Reis e de Conímbriga, a Torre de Belém e os mosteiros de Alcobaça e da Batalha. Os museus de Arqueologia e Etnologia foram recentemente alvo de uma desinfestação e só deverão abrir de novo na próxima semana.

Ao início da tarde, Artur Sequeira, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública disse à Agência Lusa que a percentagem de adesão à greve se situava nos 70%, dando como encerrados a Torre de Belém, os museus de Arqueologia e de Etnologia, o do Traje e os dois polos do museu dos Coches. O dirigente sindical justificou o fecho dos museus de Arqueologia e de Etnologia com a possibilidade de o diretor saber “que a greve ia ter uma forte adesão pelo que mandou fazer coincidir uma desinfestação com os dias da greve”.

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De acordo com Sequeira, os museus “estão a funcionar abaixo do que era necessário, para manter o património em segurança, e os que não estão encerrados, estão a recorrer à substituição de trabalhadores, alguns dos quais por trabalhadores das empresas de segurança”.

“Governo não tem dado resposta às necessidades dos trabalhadores”

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas decretou uma greve nacional de trabalhadores dos museus, para esta sexta-feira e sábado, para contestar a falta de pessoal nos museus. À Lusa, Artur Sequeira explicou que “o Governo não tem dado resposta às necessidades dos trabalhadores, que se arrastam há anos”, sublinhando que o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, se tinha comprometido a integrar 108 trabalhadores dos museus, o que acabou por não acontecer.

Sequeira disse que os museus contam também com trabalhadores a recibos verdes e trabalhadores dos centros de emprego e, se tal não acontecesse, os museus não tinham trabalhadores suficientes para estarem abertos. O setor da Cultura “tem uma falta de pessoal crónica por várias razões: aposentações de funcionários, saídas por acordo e o fecho das admissões na administração pública”.

Outra das questões alvo de contestação dos sindicatos diz respeito ao projeto do Governo, em apreciação no parlamento, de municipalização das competências destes espaços culturais: “É o Ministério da Cultura que deve gerir estes serviços para garantir um serviço público de qualidade”. Outras reivindicações prendem-se com a reposição e criação de carreiras especiais, o abono para falhas, o regulamento de entrega e transporte de valores, o regulamento de fardamento, as condições de saúde e segurança no trabalho, e a formação profissional.

Na quinta-feira, em declarações à Lusa, a diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva, lembrou que “a greve é um direito constitucional que causa constrangimentos, mas é por isso é que se faz greve”, admitindo a possibilidade de encerrar equipamentos se não houver pessoal suficiente para os manter abertos ao público.

Na semana passada, fonte do Ministério da Cultura disse à Lusa que o Governo quer integrar 113 trabalhadores de museus e monumentos nos quadros da Administração Pública através de concurso, mas aguarda autorização da tutela das Finanças.