A situação na República Democrática do Congo (RD Congo) e as próximas eleições gerais de Angola foram abordadas entre o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Região dos Grandes Lagos e o vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, esta sexta-feira.

Said Djinnit, que chegou quinta-feira a Luanda para dois dias de trabalho, foi recebido pelo vice-Presidente angolano, tendo como principal assunto a presença de grupos armados no leste da vizinha RDCongo.

À saída do encontro, Said Djinnit disse à imprensa que foi igualmente analisada a “situação muito preocupante que está a acontecer na região do Cassai“, na fronteira com Angola. Os conflitos daí consequentes já provocaram a entrada em território angolano de mais de 11 mil refugiados que procuram segurança, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Para além de implicar insegurança na região da República Democrática do Congo tem implicações também no processo eleitoral em Angola. Essa implicação passa não só pelo afluxo de refugiados, mas também de grupos armados, de milícias armadas, que podem complicar muito a situação aqui do lado angolano”, referiu Said Djinnit.

O enviado especial do secretário-geral da ONU salientou que, além da situação na RD Congo, foram abordadas questões sobre “processos eleitorais mais ou menos difíceis na região“, nomeadamente no Burundi.

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“Aproveitei a oportunidade, uma vez que irão haver vários processos eleitorais e várias eleições aqui na região dos Grandes Lagos, nomeadamente em Angola, o ensejo para solicitar que Angola, com os seus parceiros, possam levar a bom termo umas eleições justas, transparentes e pacíficas”, frisou.

Também o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, considerou no final do encontro que o quadro na RD Congo “não é muito bom”, tendo em conta a instabilidade que vive atualmente, situação que “já criou 15 mil refugiados que entraram em território angolano”.

Isto vai prejudicar o processo de recenseamento eleitoral na RD Congo e naturalmente pode afetar as eleições. A região do Cassai representa mais ou menos 29 milhões de pessoas na RD Congo e se não conseguirem fazer o recenseamento eleitoral então vai afetar o processo eleitoral”, disse.

Segundo o chefe da diplomacia angolana, de momento, a Comissão Nacional Eleitoral do Congo diz ter já recenseado 23 milhões dos 45 milhões eventualmente possíveis como eleitores.

Ainda sobre a RD Congo, o enviado especial do secretário-geral da ONU foi ouvir o ministro da Defesa de Angola, João Lourenço, sobre o cumprimento de todas as recomendações saídas do último encontro da Conferência Internacional dos Grandes Lagos (CIRGL), presidida por Angola.

Vim cá por duas razões, a primeira, na qualidade de ministro da Defesa, vim trocar impressões com ele a cerca da situação da região dos Grandes Lagos. Angola ainda tem a presidência da CIRGL e nesta qualidade, o ministro da Defesa de Angola presidiu uma reunião dos ministros da Defesa da região, em Nairobi, o ano passado”, referiu.

Segundo Said Djinnit, no encontro foi reiterado a disponibilidade das Nações Unidas, através das suas agências, para apoiarem o processo de eleições gerais de Angola marcadas para 23 de agosto, “de forma a que ele possa ser um exemplo”.