Nota prévia: como mais uma vez o vídeo-árbitro foi protagonista no Alemanha-Austrália (e o português Artur Soares Dias era um dos árbitros nomeados para o encontro), validando um golo onde Juric está em linha mas parece encostar a bola no primeiro remate com a mão, fica apenas o apontamento para cada um ver e interpretar.

https://twitter.com/JogaBonitoUSA/status/876838953013452801

Ficha de jogo

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Austrália-Alemanha, 2-3

1.ª jornada do grupo B da Taça das Confederações

Estádio Fisht, em Sochi (Rússia)

Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos)

Austrália: Mathew Ryan; Milos Degenek, Bailey Wright, Trent Sainsbury; Mathew Leckie, Mark Millingan, Aaron Mooy, Aziz Behich; Massimo Luongo (Kruse, 46′), Tom Rogic (Troisi, 70′) e Tomi Juric (Cahill, 86′)

Treinador: Ante Postecoglou

Alemanha: Bernd Leno; Kimmich, Rudiger, Mustafi, Jonas Hector; Rudy, Goretzka; Draxler, Brandt (Süle, 63′), Stindl (Emre Can, 77′) e Wagner (Werner, 58′)

Treinador: Joachim Löw

Golos: Stindl (5′), Rogic (41′), Draxler (44′, g.p.), Goretzka (47′) e Juric (56′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Goretzka (55′)

Falemos de jogo jogado. E de futebol, na plenitude da palavra. Porque foi assim que a Alemanha se apresentou em campo frente à Austrália, na estreia na Taça das Confederações. Sim, o resultado ficou “apenas” pelo 3-2. Mas é enganador, muito. E levanta uma questão: será esta Alemanha uma nova Espanha mas sem guarda-redes?

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Comecemos pela primeira parte da questão, a Alemanha como nova Espanha. O que significa isto? Que Joachim Löw, o técnico que sucedeu a Jürgen Klinsmann em 2008, optou por levar à Rússia uma versão B da equipa que foi campeã mundial em 2014 (e que caiu apenas nas meias-finais do Europeu, em 2016, frente à França) mas conseguiu aquilo que é mais complicado quando se gere um grupo: trocar as peças e manter a dinâmica de jogo.

Draxler, capitão e artista-mor de uma equipa onde, com 30 internacionalizações, é o que mais vezes vestiu a camisola de Mannschaft, todos conhecem. Mas há Goretzka, um médio com uma compreensão do jogo acima do normal que consegue estar onde muitos ainda nem sequer pensaram. Há Brandt, o virtuoso que quando acelera desmonta qualquer defesa. Há Stindl, que às vezes faz lembrar Müller e não é apenas pelo número 13. Há Wagner, que se fartou de desafinar à frente da baliza contra os australianos mas teve o mérito de andar sempre a cheirar o golo. E uma defesa que, globalmente, é muito consistente.

Esta Alemanha, com estes jogadores e todos os outros que desta vez ficaram de fora (Müller, Kroos, Özil, Khedira etc.), é candidata a ganhar qualquer prova. Mundial, Europeu e até esta Taça das Confederações. Mas tem de jogar com 11, não com dez. Já reparou que ainda não falámos de guarda-redes? Foi de propósito.

Bernd Leno, guarda-redes de 25 anos formado no Estugarda mas desde 2011 no Bayer Leverkusen, mereceu a confiança de Joachim Löw à frente de Ter Stegen, o número 1 do Barcelona. E até jogava “em casa” – o pai veio de uma família russa e um dos seus músicos preferidos é Dima Bilan (apesar de não falar a língua). Mas foi protagonista pelas piores razões, em momentos onde os germânicos, talvez pela idade, estavam demasiado convencidos da sua superioridade e abriram algumas brechas no setor recuado, em transição e de bola parada.

No primeiro golo da Austrália, apontado por Rogic, Leno ainda foi traído por um primeiro remate prensado em Mustafi que sobrou para o avançado contrário quando estava a seguir para o outro lado da baliza; no segundo, ofereceu literalmente a bola a Juric, num lance inofensivo que apanhou quase todos desprevenidos.

A primeira jornada do grupo B fechou e, como seria expectável, Chile e Alemanha lideram com três pontos. E este programa 2.0 dos germânicos é bom. Mas não com Leno a apresentar. Pelo menos este Leno.