O retrato oficial do presidente francês Emmanuel Macron foi divulgado esta quinta-feira. Foi o próprio presidente que deu a conhecer ao mundo a fotografia, através de uma publicação na sua página do Twitter. O retrato será agora colocado em todos os municípios de França.
O retrato oficial foi revelado quase um mês e meio depois da tomada de posse de Macron, que aconteceu no passado dia 14 de maio. Em 2012, o seu antecessor François Hollande, demorou menos de um mês a fazê-lo. Também esta quinta-feira no Twitter, Sibeth Ndiaye, assessor de comunicação e imprensa do Palácio do Eliseu, divulgou um vídeo dos bastidores do retrato oficial.
Portrait officiel. pic.twitter.com/fAhSZJvPa5
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) June 29, 2017
Emmanuel Macron foi fotografado no passado dia 24 de junho por Soazig de la Moissonnière, que se tornou a fotógrafa oficial do Palácio do Eliseu em maio de 2017. Moissonnière foi escolhida depois de ter acompanhado o presidente francês durante toda a sua campanha eleitoral e ter feito uma série de fotografias de outros militantes do movimento de Macron, “En Marche!”.
A fotografia de Emmanuel Macron difere das que foram tiradas a presidentes da França anteriores a ele. O retrato oficial de Macron assemelha-se ao do segundo mandato de Barack Obama, antigo presidente dos Estados Unidos. “Há uma aspiração americana, como sempre na comunicação de Emmanuel Macron”, apontou Philippe Moreau Chevrolet, professor de comunicação política na Sciences Po, o Instituto de Estudos Políticos de Paris, em França, em declarações à BFM TV.
Photo officielle de #Macron : de l'Obama à la française… pic.twitter.com/Fr1hKqxk29
— Christian Delporte (@chdelporte) June 29, 2017
As mensagens que Macron quer enviar com o retrato
A versão francesa do Huffington Post identificou algumas mensagens implícitas no retrato oficial de Emmanuel Macron. As bandeiras, o relógio e até o galo refletido no Iphone do presidente francês têm mais do que um significado decorativo.
Desde Nicolas Sarkozy que a bandeira da União Europeia entra no cenário dos retratos oficiais dos presidentes franceses, a par da bandeira francesa. A diferença é que Emmanuel Macron aparece no meio das duas bandeiras, ao contrário do seus antecessores que posavam ao lado. Macron transmitirá assim a mensagem de que tenciona ser o mediador da relação entre a União Europeia e França.
Entre as bandeiras está também uma janela aberta, passando a ideia de que a presidência de Macron está aberta para o mundo. Em todas as fotografias tiradas desde que a tradição foi iniciada pelo presidente Adolphe Thiers, em 1871, os líderes franceses apareciam ou no interior ou no exterior. O retrato de Macron é o único que tem um cenário dentro e outro fora do Palácio do Eliseu.
O relógio que aparece à esquerda do presidente francês não mente. São 20h20, a hora em que a fotografia foi efetivamente tirada. Este é o relógio presente no Conselho de Ministros que desapareceu nas últimas semanas e voltou a aparecer na quarta-feira antes de a fotografia ter sido tirada. Significará ritmo, de acordo com a interpretação do jornal.
À direita de Emmanuel Macron estão três livros: “Memórias de Guerra” de Charles De Gaulle, presidente da V República, “O Vermelho e o Negro” de Stendhal, e “Os Frutos da Terra”, de André Gide. Os dois últimos estão entre os escritores preferidos do presidente. Macron escolheu o livro de Charles De Gaulle aberto sobre a mesa do gabinete presidencial, como se pode ver no vídeo dos bastidores. Este livro aberto confirmará a sua vontade ser um presidente de todos, eliminando a divisão entre a esquerda e a direita.
Por fim, ao lado da sua mão direita, está o iPhone de Macron, no qual está refletido o galo, o símbolo francês. A mensagem será a de que o objetivo de Macron é ligar a tradição (representada no galo) à modernidade (representada no telemóvel), mas sem eliminar as raízes do país.