Tradicionalmente, sempre que se fala de discriminação por género, são as mulheres a queixarem-se por lhe ser vedado o mesmo tipo de oportunidades conferidas aos homens. Daí que tenha sido uma surpresa geral quando, desta vez, os homens resolveram deitar mão à mesma arma para se queixarem de estarem a ser vítimas do proteccionismo dado às mulheres.

A polémica ocorreu em França, mais precisamente em Nantes, cidade recentemente a braços com uma onda de calor. Queixaram-se os condutores dos autocarros da empresa Semitam que, sob aquelas temperaturas, que chegaram a atingir 50ºC, conduzir em frente a um imenso pára-brisas em vidro, em veículos sem ar condicionado, era um suplício. Que poderia, segundo eles, ser mitigado com o recurso a uns calções, equipamento mais fresco mas que, contudo, não está previsto entre as opções do fardamento.

Mas a empresa em questão, eventualmente apavorada perante a possibilidade de os seus autocarros passarem a ser dirigidos por homens com pernas peludas à mostra, recusou a proposta dos trabalhadores. Ora isto levou os “machos” profissionais do volante a passarem das palavras aos actos. Se as mulheres podem conduzir aqueles mastodônticos (e quentes) veículos com saia ou calções, porque é que eles não poderiam fazer o mesmo e andar de pernas ao léu? Vai daí, no dia seguinte, muitos dos condutores apresentaram-se ao serviço envergando… saia!

E antes que a Semitam pensasse em proibi-los de ir trabalhar com aquela indumentária, os homens avisaram logo que isso constituiria um caso grave de discriminação sexual. Isto, enquanto se deliciavam com o ar fresco que lhes entrava por ali a cima. Se a empresa persistir em vedar-lhes a possibilidade de usarem calções em serviço, não será de estranhar que os trabalhadores reforcem a sua acção de protesto, aparecendo de… mini-saia.

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