O responsável pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal disse esta sexta-feira que “odeia” mega processos. O procurador Amadeu Guerra, que tem nas mãos o processo de José Sócrates, afirma, no entanto, que por vezes é impossível separar um processo em vários porque se perde “a visão de conjunto”.

Depois de um painel, no colóquio “Corrupção: Investigação e Julgamento” em que se debateu o facto de existirem processos muito longos, com muitos arguidos e muitos factos criminais — o que dificulta o julgamento e a imputação dos crimes — Amadeu Guerra pediu a palavra e falou com alguma ironia.

“Eu também odeio mega processos. Se pudesse haver processos com menos arguidos, com menos relações entre eles, menos dinheiro, podíamos separar alguns processos, mas toda a visão de conjunto desaparecia”, disse, na plateia do auditório da PJ, em Lisboa. E acrescentou: “O que eu sou contra é que digam que fabricamos mega processos. Eu e os meus magistrados também gostaríamos que houvesse mais celeridade nos processos, mas muitas vezes não é possível fazer a separação dos processos”, avisou Amadeu Guerra, que tem até 20 de novembro para entregar o despacho final do processo da Operação Marquês, cujo prazo tem sido alargado.

Na mesa dos oradores estava o procurador Rui Cardoso, que já presidiu ao Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e que acabou por lhe dar razão. E reforçou: “Do ponto de vista do arguido, se todos os factos que lhe são imputados fossem separados, eles passariam o resto da vida a ser julgados, mais vale ir viver para o tribunal”.

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