O presidente executivo da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, considera que a Entidade Reguladora para Comunicação Social (ERC) deve tornar a avaliar a compra da Media Capital pela Altice, uma vez que um processo desta “magnitude e complexidade” tem “impacto sobre o pluralismo” e “é inultrapassável que passe pelo crivo desta entidade”.

Em entrevista publicada esta segunda-feira no Público, Balsemão critica o “silêncio ensurdecedor por parte dos decisores políticos em relação a uma operação com esta dimensão”.

Estamos perante a possibilidade de a maior empresa de telecomunicações em Portugal comprar um dos maiores grupos de comunicação social, com atividades muito bem sucedidas na área da televisão, rádio e Internet e ninguém está a falar sobre isso neste momento”, acusa.

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Para o responsável máximo do grupo Impresa, que detém, entre outros, o Expresso, a Visão e a SIC, “híbrido tentacular que resultaria desta operação [fusão entre a Altice e a Media Capital] ficaria com o poder de tal forma a esmagar a sua concorrência – e acho que ninguém pode dizer o contrário – que o resultado seria o de fazer com que os concorrentes deixassem de prestar os seus serviços ou então que se tornassem ocos e vazios e mais facilmente dominados por terceiros com outro tipo de agendas políticas e mediáticas”.

“No nosso caso seria muito provável que restringisse o acesso dos nossos conteúdos às suas plataformas”, diz Balsemão. Mesmo que a Altice já se tenha comprometido a não o fazer, o responsável da Impresa duvida. “Tendo a capacidade de o fazer, e tendo de reportar aos accionistas, não vejo nenhuma razão para que não o fizesse. Para isso nem teria feito a proposta de compra sobre a Media Capital, não há nenhuma razão para pagar este montante, se não for para ficar com esta capacidade e incentivo para fazer esse tipo de restrição e ficar com acesso a dados sensíveis e confidenciais sobre os seus concorrentes e a possibilidade de interferir em várias outras áreas como a TDT”, sublinha.

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“Diz-se muito que, cada vez mais, é preciso criar grupos de media fortes, estou de acordo com isto, mas não se pode é criar um grupo de media forte em Portugal que esmague todos os outros, sem qualquer tipo de mérito que não o das armas e ferramentas que terá ao seu dispor, ao contrário dos outros”, considera Balsemão.

O líder da Impresa diz, por isso, esperar “que haja uma posição forte da ERC que diga que isto não pode passar pelo impacto nefasto sobre o pluralismo em Portugal”, mas admite que seria “um péssimo gestor, se não estivesse a pensar em qual seria o meu próximo passo, caso isto avançasse”. A estratégia da Impresa passaria, defende, “por parcerias estáveis, sustentáveis, de longo prazo”. Contudo, caso a ERC não torne a avaliar o caso, Balsemão diz ter “plena confiança de que esta decidirá da melhor forma possível”.