No fundo, e tão habituais que são as cenas de violência (mais na bancada do que no relvado) no futebol grego, foi um domingo como qualquer outro. Frente a frente, um sempre “quente” PAOK-AEK que, até perto do final, continuava empatado a zero.

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E foi perto do final que o português Vieirinha (PAOK) bateu um canto à direita, o central Fernando Varela saltou na grande área, cabeceou e bateu o guarda-redes Vasilios Barkas. O árbitro Giorgos Kominis validou o golo. Mas poucos minutos depois, após conversar com os seus assistentes, anulou-o. E bem.

O médio Maurício, em fora-de-jogo, não toca a bola mas tem intervenção no lance.

Mas os adeptos do clube de Salonica não perceberam a decisão de Barkas e resolveram invadir o relvado em protesto. A acompanhá-los vinha Ivan Savvidis, o presidente do PAOK, circundado por vários da segurança e com uma (bem visível) pistola no coldre, à cintura. Curiosamente, só os seguranças impediram que Savvidis alcançasse em direção ao árbitro – o capitão Vieirinha ainda tentou impedir o presidente de entrar no relvado mas em vão.

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O encontro no Estádio Toumba foi imediatamente interrompido.

Já esta segunda-feira, as autoridades gregas emitiram um madado de detenção em nome de Savidis. O governo liderado por Alexis Tsípras decidiu, entretanto, suspender o campeonato (por tempo indefinido) na sequência dos últimos episódios de violência. O ministro-adjunto da Cultura e Desporto, Yorgos Vassiliadis, classificou a situação como “um ataque à honra do futebol grego”, garantindo: “Alguém entrar em campo com uma pistola na mão é uma provocação inadmissível, independentemente do que aconteceu”.

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Esta é a segunda vez na temporada que o PAOK se vê envolvido em situações de violência. Por causa disso, perdeu três pontos após o jogo com o Olympiakos e foi obrigado a realizar dois jogos à porta fechada.

O PAOK é o terceiro classificado do campeonato grego, com 49 pontos, enquanto o AEK é líder da prova, com 54.

Quem é Ivan, o presidente milionário do PAOK com uma “costela” soviética?

Ivan Ignatyevich Savvidis nasceu em 1959 em Santa, na então República Socialista Soviética da Geórgia. É também por isso que Savvidis tem dupla nacionalidade, russa e grega.

Antes de se tornar presidente e principal acionista do PAOK, em 2012, Ivan Savvidis foi-o num clube russo, o Rostov. Na Rússia, e próximo que é do presidente Vladimir Putin, Savvidis tornou-se num dos empresários mais importantes (e ricos) do regime, tendo mesmo sido em tempos membro da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Por ter servido no exército russo, Savvidis ostenta a patente de Sargento-Mor.

Créditos: SAKIS MITROLIDIS/AFP/Getty Images

Doutorado em Ciências Económicas, Savvidis é diretor-geral da Donskoy Tabak, empresa tabaqueira, e administrador da holding Agrokom Group, que trabalha nas indústria do tabaco mas também da alimentação e distribuição. Outras actividades há onde Ivan Savvidis é igualmente empresário, como as da pesca, da carne, da hotelaria ou da comunicação. Em Salonica, o empresário é proprietário do porto da cidade.

Filantropo, a fundação à qual deu o seu nome apoia a Federação Internacional de Xadrez, a Federação Russa de Bilhar, bem como o restauro de santuários ortodoxos e outros projetos culturais, educativos, científicos ou de investigação.

Mais invasões este fim-de-semana, de França a Inglaterra

A pré-temporada prometia em Lille. O treinador era Marcelo Bielsa, o conceituado Bilesa, o clube do norte de França investiu bom dinheiro, por exemplo, na contratação dos brasileiros Thiago Maia, Thiago Mendes e Luiz Araújo, mas o resultados nunca apareceram, Bielsa foi despedido (hoje o treinador é Christophe Galtier) e o Lille ocupa um humilhante — o antigo clube de Eden Hazard foi campeão em 2011 — penúltimo lugar no campeonato.

Este sábado, e depois do empate a zero contra o Montpellier, em casa, no Estádio Pierre-Mauroy, os adeptos invadiram o relvado. Thiago Mendes garante que foi agredido.

E relatou, à Globo Esporte: “Foi de repente, logo depois do apito final. Não tivemos reação. Alguns jogadores foram agredidos. Fui agredido por uma mulher. Ela chegou ao pé de mim, deu-me um soco no peito e puxou-me a camisola. Nunca pensei passar por uma situação destas, o campeonato francês é muito seguro. Os seguranças fizeram um cordão de isolamento até os adeptos dispersarem. Se não fossem eles, provavelmente agora não estaria aqui”.

https://twitter.com/Sporf/status/972517950539337728

Em Inglaterra a situação é bastante idêntica. O histórico West Ham, apesar de contar no plantel com uma considerável listagem de talentos, como Lanzini, Michail Antonio, Arnautovic, Andy Carroll, Chicharito ou João Mário, ocupa um modesto 16.º lugar na Premier League, estando somente três pontos acima da “linha de água”.

Voltou este sábado a perder em casa — é o terceiro desaire seguido –, no Estádio Olímpico de Londres, agora por três 0-3 com o Burnley.

Ainda durante o encontro, adeptos dos “Hammers” invadiram o relvado (um deles com a bandeirola de canto em riste) e tentaram agredir os próprios jogadores. Os ânimos acabaram por serenar, o encontro prosseguiu, mas os adeptos dirigiram-se até perto da tribuna e entoaram cânticos de protesto contra David Sullivan, vice-presidente do West Ham, e David Gold, proprietário do clube.

Os cânticos dispensam tradução: “You destroyed our fucking club, you destroyed our fucking club…”