O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou às tropas russas estacionadas junto à fronteira ucraniana que regressem “imediatamente” às suas bases de origem, anunciou o Kremlin em comunicado esta segunda-feira. As tropas em questão são as destacadas para Rostov, Belgorod e Bryansk.

Já não é a primeira vez que o Kremlin emite uma ordem semelhante – a 7 de maio Putin assegurou que já não havia tropas russas junto à Ucrânia – que acabou por não ser cumprida. A NATO estima que estejam 40.000 militares russos na zona e, segundo um oficial disse à Reuters, ainda não há sinais de movimentações.

Esta notícia surge no dia em que Putin pediu ao Governo de Kiev que pare com a ofensiva militar nas zonas separatistas do país, nomeadamente Donetsk, onde a auto-proclamada República Popular estará a negociar com as tropas ucranianas a sua retirada de Mariupol. Putin pediu a Kiev para que se resolvam “os problemas mediante o diálogo pacífico”, relata a agência espanhola Efe.

A confirmar-se a saída das tropas russas da região, isto poderá significar um aliviamento da tensão entre a Ucrânia e a Rússia, que, segundo o Secretário-Geral para os Direitos Humanos da ONU, Ivan Simonovic, está a atingir “o ponto de não-retorno”. Vladimir Putin é favorável a uma reforma constitucional ucraniana que dê respostas aos habitantes do leste do país, que maioritariamente falam russo. Isso passaria por tornar a Ucrânia uma federação de estados, algo a que, até agora, o Governo de Kiev não tem estado aberto.

A posição assumida pelo Kremlin esta segunda-feira poderá estar relacionada com o facto de Petro Poroshenko estar à frente das sondagens para as eleições presidenciais ucranianas que se realizam no próximo domingo. É que Poroshenko é um bilionário com fortes interesses económicos na Rússia e fazia parte do Governo pró-russo de Yanukovich. “É um negociador. Desse ponto de vista, isso poderá significar que Putin está disposto a dar-lhe uma hipótese para tentar resolver” a crise, diz Adrian Karatnycky, um perito em assuntos do Leste Europeu ouvido pelo New York Times.

 

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