O papa Francisco desafiou esta segunda-feira os cristãos, judeus e muçulmanos a “trabalharem juntos” pela paz e pela justiça durante uma visita à Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado para o Islão.

“Podemos trabalhar juntos pela justiça e pela paz”, afirmou durante a sua visita ao complexo onde está situada a mesquita Al-Aqsa, pedindo para que ninguém utilize o nome de Deus para justificar a violência.

“A minha peregrinação não ficaria completa se não incluísse também o encontro com as pessoas e comunidades que vivem nesta terra e, por isso, estou contente por poder estar convosco, amigos muçulmanos”, afirmou, diante do grã-mufti de Jerusalém, Mohammed Hussein, e de outras autoridades islâmicas.

A Esplanada das Mesquitas, a que os muçulmanos chamam Nobre Santuário e os judeus Monte do Templo, é um local sagrado para as duas religiões e uma fonte de tensão entre as duas comunidades.

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O principal representante do islamismo sunita agradeceu ao papa a sua visita e aproveitou para pedir o fim da ocupação israelita, que considerou o principal obstáculo à conversão de Jerusalém na “verdadeira cidade da paz do mundo”.

Hussein recordou a figura do califa Omar ibn al Jatab, um dos quatro califas Rashidum (reconhecidos por todos os muçulmanos), “que permitiu aos cristãos manterem as suas igrejas na cidade santa”.

“Jerusalém deve ser [de novo] uma cidade aberta tanto a cristãos como a muçulmanos em que todos possam conviver em paz”, disse o líder religioso.

O papa, por seu lado, pediu a judeus, cristãos e muçulmanos para abrirem os seus corações e mente a fim de entenderem o outro, já que o conhecimento mútuo supera as barreiras e os conflitos.

Francisco, que concluiu o seu discurso na disputada esplanada com a palavra paz em árabe, seguiu depois para o Muro das Lamentações, onde foi recebido por um dos mais importantes rabinos da cidade.

O papa seguiu os passos dos seus antecessores — João Paulo II e Bento XVI — deixando uma mensagem no lugar mais sagrado do judaísmo.

Pouco antes, o rabino entoou uma oração em hebraico, na qual pediu pela paz em Jerusalém, pela unidade e pela luta contra o ódio aos judeus.

Após a visita aos dois lugares mais sagrados do judaísmo e do islão em Jerusalém, Francisco dará início aos atos protocolares cumpridos por todos os chefes de Estado que visitam Israel.

Acompanhado pelo Presidente israelita, Shimon Peres, depositará uma coroa de flores no túmulo de Theodor Heerzl, fundador do sionismo, uma estreia para um papa, e visitará o museu do Holocausto.

Depois, benzerá nove crianças na sede da presidência, onde trocará umas palavras com Shimon Peres, visitará os dois principais rabinos do estado e receberá o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no complexo de Notre Damme, propriedade do Vaticano na cidade santa.

A peregrinação do papa prossegue, esta tarde, com um encontro ecuménico com religiosos perto do Monte das Oliveiras, onde plantará a sua própria árvore, terminando com uma missa no Cenáculo, local da Última Ceia de Cristo, onde se encontra também o túmulo do rei David.