Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia analisaram esta terça-feira, em Bruxelas, os resultados das eleições europeias e o estado das negociações para eleger o próximo presidente da Comissão Europeia. Passos Coelho reitera apoio a Jean-Claude Juncker, mas diz que nada está decidido.

Lembrando que “o novo Parlamento Europeu, de acordo com o Tratado de Lisboa, passará a ter a possibilidade de eleger o presidente da Comissão, bem como o colégio de comissários”, o primeiro-ministro sublinhou que “a iniciativa pertence ao Conselho Europeu”, e foi decidido “procurar em simultâneo, entre os chefes de Estado e de Governo, e o novo Parlamento Europeu”, a necessária maioria qualificada em torno de um nome.

Esse nome deverá ser Jean-Claude Juncker, diz Passos, uma vez que foi este o candidato do partido vencedor das eleições a nível europeu, o Partido Popular Europeu (ao qual pertencem PSD e CDS-PP). Mas referiu que não foi conferido um mandato em torno de um nome, e é “precipitado” avaliar se já existe ou não maioria qualificada em torno de uma figura.

“Não foi conferido um mandato em torno de um nome específico, embora seja natural que muitos chefes de Estado e de Governo tenham manifestado as suas opiniões sobre nessa matéria, e não é segredo para ninguém que a minha incide sobre Jean-Claude Juncker”, disse, escusando-se, por uma questão de princípio, a revelar o teor de outras intervenções no Conselho.

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“Este é um processo que deverá ter lugar durante as próximas semanas, e tenho a certeza que, quando aqui regressarmos a Bruxelas para o Conselho Europeu que terá lugar no próximo mês de junho (dias 26 e 27), essa será uma questão que deverá já ter desenvolvimentos concretos”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de, face a eventuais dificuldades em encontrar consenso em torno de um dos candidatos apresentados às eleições pelas grandes famílias políticas, ser encontrada uma solução alternativa, Passos Coelho apontou que tal “é teoricamente possível”, porque, à luz do Tratado de Lisboa, não existe uma obrigação legal de designar o candidato da força política que reuniu mais votos, mas considerou, a título de “observação” pessoal, que seria desejável Juncker ser um dos candidatos.

Embora seja legalmente possível, a eventualidade de ser escolhido para presidente da Comissão Europeia alguém que não um dos candidatos apresentados aos eleitores “não é o caminho desejável”, diz Passos.

passos desvaloriza resultados dos eurocéticos

Sobre os resultados das eleições, Passos Coelho afirmou que devem ter “consequências na ação” da União Europeia, mas rejeitou que “tenha havido um crescimento anormal” de forças extremistas e eurocépticas, com exceção do Reino Unido e da França.

“Isso não significa, no entanto, que o projeto europeu não tenha de ser olhado com redobrado cuidado, porque se a Europa passou por um período de crise muito intensa é natural que os cidadãos se possam sentir mais distantes das instituições e dos seus governos, mas devo anotar que nos países sujeitos a intervenções mais duras, digamos assim, como foi o caso da Irlanda, de Portugal ou da Grécia, não assistimos a fenómenos de crescimento da extrema-direita, nem de movimentos antieuropeístas”, declarou.