A junta militar tailandesa anunciou hoje a detenção de Sombat Boonngamanong, um líder anti golpe que liderou uma campanha online para organizar manifestações que estão proibidas no país.

Sombat Boonngamanong foi detido na noite de quinta-feira na província de Chonburi, oeste do país, disse Sirichan Ngathong, porta-voz do exército tailandês. Espera-se que brevemente apareça perante tribunal militar.

“Temos uma equipa que o acompanhou através da internet”, acrescentou a mesma porta-voz citada pela agência AFP.

O líder anti golpe enfrenta acusações de “violar uma ordem de informar a junta” militar, o que lhe pode custar uma pena de prisão até dois anos.

Sombat Boonngamanong, um proeminente ativista pró-democrata recusou obedecer à ordem de apresentação às autoridades que os militares fizeram a centenas de pessoas, incluindo ativistas, políticos, académicos e jornalistas, depois do golpe militar de 22 de maio.

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Desde então tem desafiado as autoridades a capturá-lo “se forem capazes”. Boonngamanong tem utilizado o Facebook e o Twitter para anunciar manifestações surpresa em vários locais de Banguecoque, conseguindo juntar algumas dezenas de pessoas.

Alguns desses manifestantes começaram, nos últimos dias, a adotar um gesto do filme Jogos da Fome, que simboliza agradecimento, admiração ou despedida. Os três dedos erguidos passaram a representar a revolta contra o regime instituído e tornaram-se frequentes nos protestos contra a Junta Militar.

Uma mulher faz o gesto dos três dedos numa manifestação junto à embaixada australiana em Banguecoque, no dia 4 de junho.

Sombat Boonngamanong explicou na sua página no Facebook que este gesto  é um “símbolo para apelar aos direitos fundamentais políticos” e apelou a que os manifestantes erguessem os três dedos, três vezes por dia em locais públicos.

O ativista é um dos líderes dos “camisas vermelhas”, movimento que apoia a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã mais nova do antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe militar que lançou a Tailândia numa era de grande convulsão política até hoje.

Depois de meses de manifestações contra o Governo liderado por Yingluck, os militares tomaram o poder, dizem querer encetar um processo de reconciliação nacional e escolher um parlamento que nomeie um Governo que terá a seu cargo uma reforma política antes de, no final de 2015, serem convocadas eleições gerais.