O melhor contra o segundo melhor. Oito conquistas versus nenhuma. No meio, uma taça, a de Roland Garros, e uma liderança, a do ranking ATP. Era com e para isto que um espanhol e um sérvio pegaram nas raquetes e pisaram a terra de batida do Grand Slam francês, este domingo. Novak Djokovic e Rafael Nadal discutiram a final de Roland Garros, onde o espanhol já vencera por oito vezes e o sérvio por nenhuma. E a balança ficou ainda mais desnivelada – em quatro sets (3-6, 7-5, 6-3 e 6-4), Rafael Nadal ganhou pela 9.ª vez o torneio de Roland Garros.

Havia uma certeza antes de a bola começar a salta no court – alguma coisa chegaria atrasada à final. Era a chuva. A meteorologia já avisara que os aguaceiros e talvez trovoada apareceriam passadas duas horas, três no máximo, do início do encontro. Era esse o tempo que os dois tenistas tinham para despachar a coisa.

No primeiro set, ainda o fizeram. Ou fez Djokovic. O sérvio apoderou-se do jogo inaugural, conseguindo uma quebra de serviço a Nadal que o levaria ao 6-3. As pancadas de direita cruzadas do sérvio faziam o truque e, do outro lado da rede, vários erros não forçados do espanhol (oito) denunciavam uma coisa – nervos. Os tais que nem o facto de estar na 9.ª final nos últimos dez anos dissipavam.

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Os números diziam que a coisa podia ficar negra para Nadal. Dos 41 duelos entre sérvio e espanhol, quem levou o primeiro set acabou por vencer a partida em 36 jogos. Em percentagem, equivale a 88% das vezes. A estatística não era amiga. Nadal lembrou-se disto e quis tentar conquistar esta amizade.

Tudo começou a mudar e o segundo set foi escurecendo a vida a Djokovic. O espanhol cresceu no jogo. E o sérvio não conseguia arranjar maneira de amparar as bolas que saíam disparadas da esquerda de Nadal. Cruzadas, ao longo ou bolas em slice (cortadas), tudo afetava o sérvio. Resultado: o espanhol quebrou por duas vezes o serviço a Djokovic e, quando já servia para fechar o set, o já sérvio parecia oferecer-lhe os pontos. 7-5, tínhamos final.

Djokovic desanimava. Surgia o cabisbaixo e o desconsolo com os pontos que falhava por pouco. Mostrou-o ao longo do terceiro set, à medida que Nadal não mudava e o sérvio parecia mais cansado ficar com o desenrolar dos minutos. Estava a ser atropelado pelo espanhol. Até que se chega ao 4-2 – e ao jogo mais longo do encontro.

Há esperança

O serviço é de Nadal e Djokovic tem vários quases, vários pontos em que quase quebra o serviço ao espanhol. Até bús se chegam a ouvir, quando partes da bancada do estádio não gostam da raquete que a frustração do sérvio atira contra o chão. Minutos depois, 5-2, para Nadal. Depois, o 6-2 e o 2-1 em sets para o espanhol.

O quarto e último set dizem tudo: Nadal até abrandou, culpa do cansaço, mas de cada vez que um ponto se inclinava para Djokovic, o sérvio estragava tudo com um erro não forçado. E o espanhol ia fazendo o que lhe competia. Ganhava os seus jogos de serviço, espera sempre no fundo do court e via Djokovic errar, sem explicação, após comandar vários pontos. Até que o sérvio acordou e lá conseguiu um break ao serviço de Nadal, reduzindo a desvantagem para 3-4. Celebrava e gritava para si próprio. Havia esperança. 4-4, havia mesmo, mas não demorou a esfumar-se.

Rafael Nadal acordou. A vitória estava perto. O 5-4 foi rápido a chegar e o 6-4 final também. Novak Djokovic tudo deu e lembrou-se de forças que parecia não ter para garantir o suspense até ao fim. No derradeiro ponto, o match point para Nadal, o sérvio entregou-o com uma dupla falta. Exausto e afetado por um grito de um espetador, que lhe terá afetado o segundo serviço. O encontro acabava e o sérvio também.

Djokovic continua sem festejar em Roland Garros. Contra o espanhol, já perde por 5-0 nos duelos feitos em Roland Garros. Já Nadal estica ainda mais a versão francesa da sua lenda – é o primeiro tenista a vencer a competição por cinco vezes consecutivas. Já são nove taças do torneio gaulês em casa e 14 torneios Grand Slam no total. O espanhol iguala assim o norte-americano Pete Sampras e, de repente, já só está a três de Roger Federer.