O documentário “Quatro”, de João Botelho, sobre quatro artistas portugueses, será exibido sexta-feira, em antestreia, na Cinemateca, em Lisboa, a pouco mais de dois meses da chegada aos cinemas de “Os Maias”, a nova longa-metragem do realizador.

O filme é exibido a par de “A Valsa”, curta-metragem de 2012, que acompanhou a coreografia de Paulo Ribeiro, para a Companhia Nacional de Bailado (CNB), concebida sobre a obra homónima do compositor francês Maurice Ravel, anunciou a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, em comunicado.

Produzido pela Filmes do Tejo II, “Quatro” apresenta-se como um filme sobre as duplas João e Jorge Queiroz e Pedro e Francisco Tropa, “quatro dos mais importantes artistas portugueses contemporâneos”, afirma o realizador, citado pela Cinemateca, na apresentação da obra.

“Sem contemplações, sem remédio, sem justificações, filmei-os a trabalhar, filmei a criação das suas obras”, diz João Botelho, que percorreu os universos dos artistas: “Pintura, desenho, fotografia e escultura”.

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“Amigos, cúmplices, diferentes, mas todos obcecados na aventura estranha que é a produção artística neste início confuso do século XXI. Rigorosos. O melhor que há em Portugal”, afirma o realizador, no balanço do documentário.

João e Jorge Queiroz e Pedro e Francisco Tropa estão presentes em coleções do Centro de Arte Moderna, da Culturgest ou de Serralves, e já representaram Portugal e galerias portuguesas, em mostras internacionais como a Arco, em Madrid, e as bienais de Veneza e de São Paulo.

O documentário de Botelho será exibido com “A Valsa”, curta-metragem de cerca de vinte minutos, que o realizador dirigiu em 2012, a convite da CNB. “Gostei do desafio”, disse então à Lusa.

“A música de Ravel é fantástica, porque representa um período de caos, um período de transição muito parecido com aquele que o mundo está a viver atualmente, porque ninguém sabe o que vai ser o futuro”, disse o realizador em declarações à agência Lusa antes da estreia da obra.

Para “La Valse”, criou uma ficção inicial e depois deu lugar à dança. “É um prazer filmar a dança. É ritmo, movimento, e o cinema é também isso”, salientou o realizador de “Tempos Difíceis” (1988) e “Filme do Desassossego” (2010), que deverá estrear em setembro “Os Maias – alguns episódios da vida romântica”, sobre o romance de Eça de Queiroz, que dirigiu no final do ano passado.

“Quatro” e “La valse” serão exibidos na sala principal da Cinemateca Portuguesa, com a presença do realizador, na sessão das 21:30, do dia 04.

No dia 01, é também apresentada a longa-metragem “Aqui na terra”, de João Botelho, concluída em 1993.

O filme teve produção de António da Cunha Telles e surge no âmbito do ciclo “Continuar a Viver”, dedicado a este cineasta, um dos protagonistas do chamado “Novo Cinema” português, e à sua atividade como realizador, produtor e distribuidor.

“Balada da Praia dos Cães”, de José Fonseca e Costa, e “Jaime”, de António Reis, são outros filmes programados para o ciclo que prossegue em julho.

A exibição de filmes finalistas da Escola Superior de Teatro e Cinema, a evocação do ator britânico Bob Hoskins, falecido em abril, e a nova edição do ciclo “Olhares Sobre Angola”, sobre a produção recente do país, constituem outras iniciativas da Cinemateca, para o próximo mês.

Será ainda apresentado o livro sobre o realizador norte-americano David Lynch, no dia 09, com a exibição de “Inland Empire”.

Clássicos como “O anjo”, de Ernest Lubitsch, com Marlene Dietrich, “A floresta interdita”, de Nicholas Ray, “O meu maior pecado”, de Douglas Sirk, e “Bruscamente no verão passado”, de Joseph Mankiewicz, estão igualmente anunciados pela Cinemateca, para julho.

John Ford, King Vidor, Fritz Lang, Jean Renoir, John Cassavetes, Rainer Werner Fassbinder, Federico Fellini, Glauber Rocha, Louis Malle, Ken Loach, Mel Brooks, Steven Spielberg e Bob Reiner são outros cineastas em destaque na programação de julho da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.