A Associação de Recicladores de Plástico (ARP) considerou nesta quinta-feira que a estimativa de consumo médio de 466 sacos de plástico, por pessoa, por ano, em Portugal, “está errada” e baseia-se num estudo “sem qualquer informação credível”. Em nota enviada à agência Lusa sobre as estimativas avançadas pela associação ambientalista Quercus, que apontam para que cada português utilize, em média, 466 sacos descartáveis por ano (a média na Europa é de 198), a ARP contrapõe que o consumo de sacos de plástico em Portugal “é muito menor”.

A ARP justifica a sua posição com o facto de “mais de 48% dos sacos de plástico utilizados em Portugal serem efetivamente reciclados” e cerca de 16% serem convertidos em energia elétrica, pelo que a taxa total de valorização é de 64%. “Regra geral, cada saco é utilizado várias vezes e, pelo menos, uma segunda vez como saco para resíduos”, diz a ARP.

Quanto à ideia da Quercus de restringir o uso de sacos de plástico, a ARP, presidida por Ricardo Pereira, alerta que a restrição do uso de sacos de plástico para transportar compras teria como efeito o aumento do consumo de sacos para lixo, o que significa que não traria qualquer redução do consumo de matérias-primas, nem qualquer outra vantagem ambiental. Aquele responsável assegura que Portugal tem capacidade instalada para reciclar todos os sacos de plástico e sublinha que as indústrias recicladoras nacionais continuam a ter de recorrer à importação de resíduos, para manter ativa a sua capacidade e para continuar a produzir reciclados para o mercado nacional e para exportação.

“Qualquer medida restritiva e hostil aos sacos de plástico irá prejudicar quer a indústria nacional produtora de sacos, quer as indústrias recicladoras, sem que daí advenha qualquer benefício ambiental relevante. Em conjunto, os dois setores têm um contributo relevante para o PIB, para o emprego e para as exportações”, adverte a ARP.

A ARP não discorda, contudo, da aplicação de um preço para os sacos de plástico, mas entende que, numa economia livre, fornecer sacos aos clientes ou cobrar por eles deve ser uma opção dos comerciantes e não uma obrigação fixada de forma arbitrária e discriminatória. “Mais importante que discriminar o saco de plástico é tomar medidas para recolher e reciclar os 16% de sacos de plástico que ainda são colocados nos aterros ou abandonados na via pública”, salienta ainda a ARP.

A Quercus, entretanto, instalou hoje “estendal” em frente à Assembleia da República, sensibilizando os deputados para o problema ambiental e económico da utilização de sacos de plástico, propondo a suspensão gradual da sua oferta nas lojas. As estimativas avançadas pela Quercus indicam que cada português utiliza uma média próxima dos de 466 sacos descartáveis por ano.

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